Catania, agosto 2004
Doce amor,
Tua carta de hoje me perturbou e fez doer meu coração. Por que tu escreves estas coisas?
Eu te amo com todo meu coração e terás a comprovação disto quando receberes a carta que te enviei esta manhã.
Seguramente a distância, em nosso caso, joga feio, brinca conosco, mas isto não quer dizer que eu não te ame mais, que estou cansado de ti, que não sejas mais a minha Clara.
Seguramente já não ti bastam minhas cartas e as coisas que ti escrevo, talvez tu queiras mais. Mas tu sabes que mais do que isto não podemos ter. Devemos contentar-nos assim, com o que temos.
Era melhor antes, quando não nos conhecíamos? Não!
Antes de desesperar-te como estás fazendo, pense no amor que temos e damos um ao outro. Verás que o que temos é muito e não é certo chorar assim.
Lamento pela carta que não encontrastes na tua caixa de entrada, mas que eu enviei a ti com muita alegria. Vou reenviá-la. Recorda-te que teu computador vive com problemas, o que impede até mesmo nossa comunicação. Não veja as coisas de maneira sombria, meu tesouro, pois no nosso amor não há lugar para sombras.
Se eu sou teu sonho jamais vivido, agora que estou contigo, viva bem este sonho, que não é só um sonho virtual, mas uma realidade que vive dentro de nós.
A nossa é uma história nascida livremente e livremente vive em nome do amor.
Além disto, tu sabes bem que o maldito calor me afasta de casa, do meu trabalho bastante atrasado, e agora devo recuperar o tempo para entregar o romance à editora, mas isto não quer dizer todas as coisas tristes que tu me escreves. Antes, fica perto de mim, ajuda-me com o teu amor a permanecer sereno.
Eu fico mal quando sei que estás triste e que transcorre teu dia sentindo-te abandonada, e logo por mim, que penso em ti sempre.
Por ora deixa-te amar como ti amo, tenha-me no teu coração e não me deixes nunca.
Ti amo amor, dorme tranqüila.
Teu Enzo
(Hull de La Fuente)
Carta da série “Um amor siciliano”, o amor por correspondência vivido por Clara e Enzo.
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