Comecei a dedilhar o teclado do computador com a intenção de escrever mais uma carta, mas, não conseguia lembrar o assunto, pois o dia fora cansativo, depois de uma sessão dse julgamento que dobrou o meio-dia e avançou pelas primeiras horas da tarde, retardando o almoço e redobrando a exaustão.
Tentei, em vão, recuperar o Norte, vasculhando a memória para reencontrar o rumo das idéias, aquela insopitável vontade de escrever que me levara a abrir o sítio da Usina e ir à central do autor e premir o botão de publicar texto. Nada me acudiu. Mas, havia uma linha de raciocínio que me propelira a começar a carta, embora eu não conseguisse reconquista-la.
Então, dos socavões da mente, eu, finalmente, logrei trazer uma nova idéia que, posto que diferente da original, ficara armazenada nos escaninhos do meu mais recôndito e agora, como uma ferida há muito escondida, viera a furo.
Lembrei-me da premência do hoje, da necessidade viver a hora presente, de deixar de lado o ontem e o amanhã; o primeiro, por ser experiência já vivida, jornal lido e relido que já não traz mais significado algum, o segundo, porque ainda há de vir e, como tal, é incerto e, algumas vezes, nem mesmo pode vir a ser.
Então concentrei-me naquela idéia de suplantar as saudades e afastar as perspectivas, passando a ter em mente, com exclusividade, a hora viva, o momento, a realidade que se exibe nesta hora.
É uma lição colhida de uma mensagem que me foi enviada pela Internet, um conselho sábio para nos livrar dos pesadelos do Ontem e das angústias inexplicáveis em relação ao amanhã. Enquanto nos preocupamos com um ou com o outro, a ampulheta do tempo vai escoando e a vida vai deixando de ser vivida com a intensidade que nós devemos vive-la.