A solidão saiu do quadro da parede e veio direto para mim, desenhando no meu íntimo um mapa de saudades e de recordações, pois não se tem saudade alguma quando se está perto de quem se ama.
No quadro da parede, que eu tantas vezes curti, o barco solitário, quase emborcado sobre a areia da praia deserta, tem a sua vela voando ao vento, misturando-se com um firmamento de cor azul pastel, desgracioso e triste como a própria solidão.
Dentro de mim, longe de você, a saudade faz estragos e a solidão me provoca um vazio impreenchível, que eu só consigo superar porque, quer de olhos fechados, quer de olhos abertos, a sua imagem é nítida para mim.
A solidão saiu do quadro da parede e me atacou de chofre, submetendo-me ao jugo de uma saudade dorida, pvoada de recordações.
E eu me sinto qual aquele barco, meio adernado sobre a areia da praia deserta, com a vela se esfumando no horizonte, cansado de tanto haver singrado os mares, esperando enfrentar outra vez o desafio constante das marés, a inquietude incessante do oceano, sob o comando firme do timoneiro...
E eu me sinto perdido no meio desta solidão, mas esperançoso de rever você e, outra vez juntos, enfrentarmos o mar da vida, que é muito mais desafiador que o oceano real.