Lembram-se? A verba disponível destinava-se à exclusiva e condigna representação do Estado pelos deputados então eleitos: despesas de deslocação aonde fosse necessário intervir em benefício pleno(!) dos cidadãos eleitores, inclusive no estrangeiro. A escandaleira que então se passou remeteria para uma moderna versão do célebre romance de Victor Hugo: Os Miseráveis!
Inquérito daqui, investigação dacolá, sob a batuta do latejante Almeida Santos, do sumo penal brotou apenas o fel coado da deglutição quase total. Não consta sequer que as centenas de desvios indevidos, através de burlas e falsificações, tivessem tido óbvia reposição, tal qual se exige aos pobres do diabo que se abotoam com benefícios alheios. Pois mal, o excelso exemplo, segundo parecer europeu, instituiu-se: Portugal, das estrelas brancas em bandeira azul, é a estrelinha que mais e melhor mete luz no bolso do parceiro.
A sombra das próximas eleições legislativas já fumega, como sempre aflita e inquieta, a debitar promitências de saco roto e a acusar-se mutuamente de inépcia política. Chegada a altura eu irei votar, só que a propaganda que rodeia a urna que me calha não me dá hipótese de optar com eficácia: são sempre os mesmos a prometer a mesma coisa! Que hei-de fazer?