Meu caro e saudoso Dr. Cícero,
A gente nem sente o tempo voraz se desatando: já vai completar um ano da sua partida.
Na saudade que deixou nos corações dos filhos, que ainda nem haviam se recuperado por inteiro do vazio deixado pela ida de D. Maria Alice, embora já transcorridos tantos anos, mas não há como ocupar o vazio deixado pela morte da mãe, ficam episódios marcantes, ainda que tão simples, da sua trajetória nesta vida: a fala mansa, o adeusinho tão característico, o gemido indefectível, as brincadeiras fazendo bigodes com pasta de dente e canudinhos de papel nos ouvidos, as frases remarcadas de sabedoria, enfim, um punhado de lembranças que a gente guardou nos escaninhos da memória, fazendo com que, apesar de fisicamente ausente, sua presença se mantenha entre nós na cadência dessas lembranças.
É claro, não é só de tais recordações supérfluas que a gente vai cultivando, que é possível tê-lo entre nós.
Eu, particularmente, relembro que foi graças à sua determinação, que consegui chegar até onde cheguei. Mantenho acesa a chama desta gratidão que, por sinal, eu já explicitara quando lhe escrevi, há um ano atrás, logo após a sua viagem definitiva.
Falo em meu nome, no de sua filha primogênita, minha sempre querida Alice, no de seus netos, Ronald Júnior(seu afilhado), Ana Cristina e Fernando Augusto, assim como dos seus bisnetos: Luiza, Ronald, Ronald Neto e Pedro.
Na realidade, ao findar esta manifestação, quero dizer que sentimos muito a sua falta.
P.S. Recado da Alice: Papai, tenha sempre na lembrança a sua primogênita: que, ao nascer, deu-lhe a oportunidade de ser pai pela primeira vez; ao ser mãe, deu-lhe o primeiro neto; ao ser avó, deu-lhe a rara fortuna de ser chamado de bivô, pelos lábios de sua única bisneta até hoje, a princesinha LUIZA.