Eu tenho um grande amigo que não se liberta.
Considero-o sem aumento nenhum, sem exagero, um grande intelectual e que eu poderia dizer que quase não precisa de ninguém. Mas ao notar que todos nós precisamos uns dos outros, esse seria o meu grande exagero em relação a ele.
Mas, a cerca que lhe cerca não o deixa em paz.
Condições de libertar-se ele têm...
Mas o que será que o mantém ligado a essa cerca que não deixa que se desgarre ou se separe?
Será algum pacto?
Alguma promessa impagável?
Fidelidade mais que fidedignidade?
Mas que coisa hem!
Seria um voto de gratidão a um deus mortal?
Ou seria medo de dizer toda a verdade o que a cerca tem para ouvir e simplesmente se exime e deixa como está?
A água ferve e evapora-se. A serpente desliza entre as folhas secas em busca da presa, e o homem intelectual simplesmente não quer se envolver, deixa como está, cruza os braços, e não toma a dianteira para impedir que a serpente aplique seus venenos com suas picadas maldosas e destruidoras, deixando que o mal se propague entre os que poderiam dar um rumo melhor à liberdade.
É hora de derrubar essa cerca. Os arames farpados doem nos corações dos que querem seguir o caminho.
E aqui fica um recado: quem planta arroz colherá arroz. Quem planta tempestade vai colher tempestade.
A cerca ao longo de sua vida só tem plantado furacões, e com certeza colherá grandes furacões junto com grandes tempestades de areias.
A cerca arruinou e arruína pessoas que lhe ajudam achando que essas pessoas eram e são imprestáveis, e então, por quê ajudar à cerca a cercar?
Um intelectual que se apaixona pelo bem da humanidade não pode andar de mãos atadas, não pode perder a memória, não deve se eximir de dizer a verdade, sabes por quê? Porque a cerca que lhe cerca já feriu e destruiu demais...
Basta!
Agora é hora de outras vidas oferecerem suas vidas para contribuirem para o bem estar social da humanidade.
Valorizemo-nos do novo, e que o velho siga o seu caminho, porque também a velhice um dia chegará a nós e teremos que ceder o nosso lugar para os novos.
Que a cerca não venha mais à cercar. Que o mal seja arrancado pela raiz. Que a vida possa prosseguir em paz para todos e que o amor possa reinar como elo de um caminho pragmático.
E que a vida possa ensinar a cerca que a dor não vai lhe faltar, e que a alegria também não, mas que se aprenda à lição: as vidas por serem vidas são individuais e devemos respeitá-las para que possam crescer, florir e darem bons frutos.