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Cartas-->Natalino Desabafo -- 22/12/2006 - 22:30 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DESABAFO NATALINO

O Natal e a Páscoa, para mim e hoje em dia, são festividades incómodas que desejo que passem o mais depressa possível. Para confraternizar os momentos cruciais não aceito convites seja de quem for. Logo após o deparecimento dos meus mais estreitos entes, intentei conforto e conformação junto de familiares mais afastados ou amigos, mas sentia-me espiritualmente muito mal e espécie de empecilho a mais na benquista ambiência dos outros. Por consequência, numa ou noutra época, prefiro amanhar-me sozinho, na indiferença absoluta de uma aparente solidão, fruindo a intimidade a meu exclusivo modo, e é sempre com uma sensação de bem-vindo alívio que perpasso por esses eventos. Em suma, não sou eu que passo Natal e Páscoa, mas sim estes que passam por mim. O fim-de-ano, o Carnaval e o São João compensam-me amplamente em diversão do solitário recolhimento a que me imponho voluntariosamente durante as duas consagradas manifestações familiares.

Há os que me dizem com piadosa expressão, após convite e defronte à minha recusa, que lamentam sinceramente a minha situação, quiçá também sentidamente como eu lamento a atmosfera vivencial que pesa como chumbo sobre a vida de tanta e tanta gente que está incomparavelmente em muito-muito pior estado do que eu, e isto tanto me conforta como me desconforta. Estou desde há muito ciente que a vida é exactamente a onda em que me situo e que nada adianta passar para a vaga de trás imaginariamente, iludindo a praia que já ali adiante me aguarda e praza que seja em sereno deslize de espuma.

Ja tive o que não tenho hoje, assim como tenho agora o que outrora não tive. Entendendo sem qualquer ambiguidade de permeio este enlace-desenlace contínuo que progressivamente se afrouxa até parar definitivamente.

Este ano o frio está um tanto ou quanto afiado e aqueles que ainda têm o privilégio de se aconchegarem junto de uma boa lareira sob os odores de eucalipto ou de pinho, super aquecidos pelo bafejo dos seus próximos, bem podem congratular-se pelo Natal que vivem e que passam. Os olhos dos velhos, dos adultos e das crianças parecem diamantes em brilho e é nessa excelsa luz que está inteirinha a felicidade. Eu tenho o olhar devotamente macio e dócil do meu cão, o ZAP-ZAP, cujo nome é herdado de um outro dilecto e fiel companheiro que tive na minha vida.

Assim, para Usineiras, Usineiros e Mentores da Usina de Letras, os sinos da minha alma, sem excepção, badalam e repicam votos de bom, de muito bom NATAL. Logo que o galo cantar, levado pelas asas de uma garrafinha de vinho fino (dito do povo em vénia ao Vinho-do-Porto), estarei decerto nalguma longínqua galáxia que sequer, depois, saberei descrever.

Mensagem: pancadas de tecla só fazem mal aos que não distinguem a alma do corpo, "se a alma não for pequena".

António Torre da Guia


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