Clara, minha doce amada.
Alta no céu era a Lua, ontem à noite, e as estrelas que lhe estavam próximas. A sua luz indicava a direção do Sul, onde dormes tu, minha adorada Clara, no teu querido Brasil.
Hoje eu te convido: em sonho, olhemos juntos a Lua noturna e através dela talvez possamos nos ver, minha amada. Senta-te à minha direita e contemple comigo o astro prateado.
O meu pensamento está ligado direto aos teus pensamentos, enquanto tuas mãos suavemente tapam meus olhos, para fechá-los e assim fazer-me sonhar mais ainda.
Por um segundo a suavidade dos teus seios, como pluma suave, pousam sobre meus ombros; o calor que deles desprendem é tão verdadeiro que não posso evitar o abraço cheio de desejo. É loucura, mas posso sentir o teu sabor através do calor deste abraço imaginário.
Como é bonito e quanto é doce fazer amor contigo minha amada.
O teu corpo entregue a mim, às minhas mãos afoitas que procuram descobrir cada parte de ti, torna-se como cera ao sol e se derrete ao toque dos meus lábios sedentos de ti.
Tuas coxas brancas, de marfim, são como duas colunas do templo do amor, de onde não quero mais sair. Tua espinha dorsal, reluzente na noite, transforma-se no leito para minha face direita. Como te quero minha amada.
Tu és minha mulher, a amada procurada por tanto tempo, tu és também minha rainha enamorada, a flor mais linda do vale onde este meu cantar se perde.
Este amor assim tão especial é semelhante ao amor dos deuses, e não dos seres humanos, imperfeito e material.
O amor, aquele verdadeiro, é o amor desejado, o amor desesperado, o amor que crucifica, mas que também faz gozar imensamente.
Os nossos abraços são divinos, eles não têm início e nem fim. O prazer que eles nos proporcionam é longo, doce, intenso, como intenso é o brilho das estrelas no céu.
Os meus pensamentos são teus e a minha boca tem sempre sede de ti, meu amor.
O nosso não é apenas um amor virtual, mas o amor da eternidade, aquele que não acabará nunca.
Deixo-te repousar agora, mas durante teu sono virei como uma borboleta e posarei sobre teu travesseiro, para vigiar o teu respirar, minha doce princesa.
Tu és para mim a mais bela do mundo.
Teu Enzo.
(Carta da série "Um amor siciliano", meu romance inacabado.)
Hull de La Fuente
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