Venho te encontrar
Minha doce Clara, perdoa-me.
Estou sempre em atraso em relação a você.
Acontece-me muitas vezes, de encontrar-me preso de uma fortíssima apatia que obscura a minha existência, então tudo o que me rodeia também se reduz a nada.
Quando me encontro atravessando esta fase de apatia, suspendo minhas atividades, todas; não saio de casa, não escuto música, não escrevo. Vivo como se fosse um vegetal a espera de que chegue o dia de despertar novamente.
Embora esteja aqui a escrever-te, a apatia não me deixou ainda, mas me esforço e escrevo a ti porque tu és o meu amor distante com quem jamais poderei juntar-me.
O amor que sinto por ti é a único sentimento vivo em mim, neste período. Tenho certeza de que a vida pregou-nos uma peça de mau gosto fazendo com que nos encontrássemos virtualmente, nos amássemos e que jamais pudéssemos nos encontrar fisicamente. Esta brincadeira custa-me a saúde, o humor e o espírito criativo. Eu preciso de ti minha clara. Tuas cartas são o meu alimento. Perdoa-me o longo e involuntário silêncio.
Encontre-me em sonhos amada, é nesse mundo onírico que poderemos “realizar” nossas fantasias mais doces e os nossos desejos inconfessados.
Ama-me como eu ti amo. Um longo beijo,
Teu Enzo
Catânia, 1º/02/07
(Do meu romance inacabado, “Um amor siciliano”)
Hull de La Fuente
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