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Cartas-->MULHER ESPECIAL -- 07/03/2007 - 06:11 (Ivone Carvalho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MULHER ESPECIAL
(Ivone Carvalho)


Não sou favorável a determinadas comemorações porque considero que em todos os dias deveríamos prestar homenagens à mulher, à mãe, ao pai, às crianças, aos namorados, aos amigos, às avós, aos avôs, aos irmãos, aos filhos.

E prestar homenagens não significa dar presentes, flores, brinquedos, jantar num restaurante especial, fazer passeios, envio de cartas, cartões, e-mails.

A melhor forma de prestarmos homenagens, creio, é o respeito, o carinho, o amor, a dedicação, o companheirismo, a cumplicidade, a proteção, o ensinamento, o saber ouvir, a compreensão, a doação, a amizade, o tratamento como igual. Isso tudo deveria ser regra e não exceção, e não limitação a um dia específico. A demonstração de amor, de admiração, de ternura, de interesse, de partilha, de participação, de respeito, não tem data para ser praticada. Todo dia é dia, toda hora é hora, todo momento é o momento certo.

Entretanto, vivemos numa sociedade que se acostumou a essas comemorações e, independentemente do comércio que se faz nessas datas, nos tornamos mais sensíveis, buscando sempre mostrar, ao ser comemorado, o quanto o admiramos, o respeitamos, o amamos, seja através de mimos materiais, seja através de palavras, gestos ou ações.

Estamos em plena época em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. E em todos os cantos encontramos algo que faz questão de nos lembrar isso. E, para quem faz das letras a sua forma de expressar o valor merecido pelas mulheres, não importando a raça, o credo, a nacionalidade, a cultura, o conhecimento, a classe social, o estado civil, a beleza física, a idade, a cor, o grau de instrução, o escritor, seja ele um prosador ou um poeta, tem sua inspiração mais acentuada nesse tema, porque é essa a sua forma de prestar suas homenagens.

Ao longo dos últimos anos, também eu tenho vindo aqui para exaltar este ser tão completo, criado por Deus. Completo sim, porque além de possuir todas as características e qualidades, boas e más, do homem, recebeu a mais divina prova de amor do Criador: a maternidade.

Hoje, porém, eu me dou o direito de prestar a minha homenagem a uma mulher muito especial. Para mim, a mais especial de todas as mulheres.

Por ironia do destino, a semana internacional da mulher nos trouxe o diagnóstico final, após tantos exames, do câncer que se alojou no ventre que me gerou, que me deu a luz.

E essa mulher, essa maravilhosa senhora que hoje conta os seus setenta e três anos de vida, se mostra forte, disposta a lutar contra a doença, não buscando adiar, como sempre fez, as intervenções cirúrgicas necessárias e o tratamento imprescindível para que o seu corpo, um presente de Deus, tenha forças para continuar vivendo.

A Dona Laura é um exemplo para todas as mulheres. Nascida de família sem recursos financeiros, estudou somente os três primeiros anos do curso primário, iniciando-se no trabalho ainda menina, para contribuir com as despesas do seu lar. Casou-se aos dezesseis anos e aos dezoito arrancava as primeiras lágrimas do meu pai, dando-me a luz.

Sua sabedoria, apesar da ausência de estudos, fê-la criar, com educação esmerada, seus três filhos.

Quis o Pai que meus irmãos voltassem ainda jovens para o plano espiritual e a Dona Laura, sempre em companhia de papai, com quem ela já comemora cinqüenta e seis anos de casada, recebeu a incumbência de criar também os três netos, deixados pelo meu irmão mais velho (o do meio) e, posteriormente, ou seja, há pouco mais de dois anos, o bisneto que, com a mãe (minha sobrinha), moram na casa que sempre morei enquanto solteira, mas que, mais do que casa, é um verdadeiro lar.

Não preciso detalhar o quanto já sofreu, já chorou e ainda chora, essa mulher que viu dois dos seus três filhos perderem a vida terrena, deixando dentro dela um vazio incomensurável.

Também se torna dispensável dizer o quanto ela ama os seus netos, as suas netas, o seu bisneto, o seu companheiro de mais de meio século, esta sua filha e o seu genro, que se tornou seu filho também.

A Dona Laura não teve estudo. Sentou-se nos bancos escolares por apenas três anos, quando criança. Mas a sua sabedoria coloca muitas mulheres formadas em diversas faculdades, num patamar muito aquém do seu.

Poucas pessoas entendem de educação como ela. Poucos professores têm sua didática. Poucos economistas sabem transformar o pouco dinheiro em muito, no necessário, sabendo dividir o pouco e aumentá-lo transformando-o em suficiente, para que os seus não sofram necessidades.

Mais do que mãe, foi sempre a minha melhor amiga e a irmã que nunca tive. Talvez por isso discordamos tantas e tantas vezes, pois sempre houve abertura para falarmos sobre tudo e expormos todos os nossos pensamentos e sentimentos. E sabemos que o melhor amigo não é aquele que diz o que queremos ouvir, mas o que precisamos ouvir.

Ainda não foi marcada a cirurgia que, se Deus quiser, extirpará todas as células malignas que contaminam o seu corpo. Neste período de exames, em que estamos juntas em todos os momentos, longe dos demais membros da família, falamos sobre tudo, sobre o passado, o presente, o futuro, sobre política, religião, profissão, família, antepassados, infância, dependência, educação, sentimentos, enfim, não há assunto que deixe de marcar ponto entre nós.

Entretanto, nos momentos mais difíceis, como este que vivenciamos na última semana, dentro do consultório médico, no hospital, não dissemos nada uma para a outra. De mãos dadas, ouvimos o médico, questionamos as nossas dúvidas, recebemos a orientação necessária, nos mantivemos sempre fortes, pois já esperávamos pela confirmação do diagnóstico. E, ao fecharmos a porta do consultório, nos abraçamos fortemente, sem dizer qualquer palavra. Um abraço apertado, difícil de identificar quem protegia quem ali, quem amava mais, e somente as nossas lágrimas foram o porta-voz dos nossos corações.

Minutos depois, ouvi: “eu só quero viver mais um pouco, minha filha” e, com a voz embargada eu respondi: “você viverá, mamãe!”.

Neste Dia Internacional da Mulher é especialmente a você, mamãe, que eu presto todas as minhas homenagens. Mulher de fibra, sábia, sensível, que aprendeu, com a vida e as dores que a vida lhe impôs, a enfrentar todas as barreiras e senões que contribuem para a sua evolução espiritual.

Que eu saiba sempre seguir o seu exemplo, mãezinha! E, por mais que a dor se faça presente, eu também saiba senti-la, sem esmorecer. Que eu saiba chegar à velhice com a mesma garra, disposição, ousadia, maturidade, fé, responsabilidade e amor, que sempre pautaram a sua vida.

Mãezinha, eu a amo, a admiro, a respeito, a louvo. No dia internacional da mulher e em todos os dias da minha vida! Obrigada por você existir e por ter me recebido em seu ventre como sua filha!

E que Deus Pai esteja ao seu lado em todos os momentos difíceis que se aproximam, minimizando a sua dor e o seu sofrimento, dando-lhe toda força que ora se faz tão necessária . Que Deus a abençoe e a ilumine intensamente, como a abençoou e a iluminou até hoje!

E que Ele me permita tê-la ao meu lado, com saúde, por muito e muito tempo!

07/03/2007





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