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Cartas-->AMOR E SAUDADE(S)... SEM COMENTÁRIOS! -- 11/06/2007 - 09:57 (GERMANO CORREIA DA SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


AMOR E SAUDADE(S)... SEM COMENTÁRIOS!
(Por Germano Correia da Silva)


Hoje, em meio ao silêncio da madrugada, acordei um pouco assustado. Não sei por qual razão eu me senti com um leve sintoma de quem estava doente. Parecia que eu estava contaminado por um desses vírus que infestam o coração de todo o ser poeta ou talvez atacado por uma dessas doenças que de vez em quando atacam o coração e a alma de um compositor: eu estava doente de amor e de saudade.

Ali, meio atordoado, meio atônito, eu decidi que produziria a letra de uma canção que falasse algo sobre nós dois. Delinearia um texto, mesmo que fosse simples, que descrevesse de alguma forma o que se passa entre nós, de alguma coisa que pudesse esclarecer que sentimento é esse que nos envolve com tamanha loucura, mas confesso que não consegui sair do primeiro parágrafo.

Em princípio fiquei meio frustrado. Eu não sei se foi pela falta de palavras que pudessem descrever claramente o meu estado de moribundo poético ou se foi pelo fato de naquele momento não ter tido a coragem suficiente para registrar numa simples lauda o quanto gosto de você, de dizer o quanto me dói essa saudade que eu sinto de você, sentimento esse que está se tornando insuportável cada dia que passo sem a sua presença.

Relutei com o meu eu, xinguei o meu coração de covarde, a minha alma de insensata e enquanto eu decidia o que fazer ou até mesmo por onde começar, descobri que além de enfermo eu estava enrascado. Estava diante de uma tarefa muito árdua e talvez não conseguisse resolvê-la a contento: falar de sentimentos, sobretudo quando esses são os nossos.

Afinal, que sentimento é esse que decidimos denominá-lo de saudade? Enfim, que sentimento é esse que originariamente o chamamos de amor? E aqui eu me refiro ao sentimento amor, na sua plenitude.

Decididamente, naquele momento eu não consegui descrever, com palavras, o sentimento amor em todas as suas nuanças; por ele ser muito rico de detalhes, seguramente eu não me sentia preparado para fazer a sua exegese. Eu também descobri que não aprendi falar de saudade sem senti-la na carne e que às vezes que consegui fazê-lo eu tinha sido contaminado por ela.

Depois de ter andado algumas milhas, ter parado um pouco para refletir, sempre com essa imagem marcada na minha mente, martelando o meu cérebro, eu voltei a pensar naquilo que eu diria para o meu eu, para o meu coração e para a minh alma.

Certamente, começaria por pedir-lhes desculpas por ter sido um tanto quanto rude com eles, momentos atrás. E aí eu não sabia ao certo se voltaria a focar o assunto que é a chave do âmago dessa questão: discorrer sobre esses dois sentimentos, externá-los de forma escancarada, despi-los de toda a sua formação e eventual complexidade sem que nos fossem cobrado quaisquer resquícios de censura e/ou de pudor.

Eu relutei muito, mas não pude agüentar por muito tempo a pressão interna imposta pelo meu coração, que aliado à minh alma fizeram um pacto com o meu eu, e juntos me colocaram contra a parede...

- Ufa! Assim é demais! – esbravejei. Mas diante de uma situação em que impera a ação massacrante de uma pressão psicológica, quem não tem remédio, remediado está. Olhei para os quadrantes norte, sul, leste e oeste e vociferei:

- Está bem, vocês venceram, mas eu continuo sem saber o que fazer para descrever o amor e a saudade, na sua plenitude.

Ali eu tentei me esquivar, sair de fininho, me ocultar atrás do muro, sem nenhum êxito. E a alternativa mais viável nessa hora foi contra-atacar os meus contendores e pensei fazê-lo me valendo das definições lexicológicas, uma vez que descrever esses sentimentos de outra maneira não me seria possível naquele momento.

Estufei bem o peito, respirei fundo e vociferei de novo:

- Seria o amor, simplesmente, o sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem? O sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro, ou a uma coisa? A inclinação ditada por laços de família? A inclinação sexual forte por outra pessoa, o desejo, a libido, o apetite (em especial, o sexual)? O querer bem, a afeição, a amizade, a simpatia, a compaixão, a conquista, a paixão? Enfim, o que é o amor, senão tudo isso junto?

Recorrendo novamente aos dicionaristas descobri que o conceito mais popular de amor envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém, ou com algum objeto que seja capaz de receber este comportamento amoroso e alimentar as estimulações sensoriais e psicológicas necessárias para a sua manutenção e motivação.

Ali também descobri que o tema amor é tratado sob as mais diversas formas: amor físico, platônico, materno, fraterno, amor a Deus, amor à vida. É o tipo de amor que tem relação com o caráter da própria pessoa e a motiva a amar, neste caso, no sentido de querer bem e no sentido de agir em prol de algo ou de alguém. E que amar também tem o sentido de gostar muito, sendo assim possível que uma pessoa ame qualquer ser vivo ou objeto, doando a própria vida pela vivência plena desse sentimento.

Nessa minha busca incessante pela real definição do sentimento amor, eu descobri que algumas pessoas ainda fazem uma confusão danada, comparando o amor com atração física, paixão e sexo.

Esse tal de sentimento amor é mesmo complexo e não pode ser confundido com essa tal atração física, na qual residem os nossos instintos atrelados ao nosso estado fisiológico, como as necessidades sexuais, prazer e perpetuidade da espécie, daí a necessidade que o homem tem de constituir sua família.

Quanto à paixão ela é um sentimento que tem sua origem na afinidade intelectual, na afinidade de interesses, na admiração sobre a personalidade alheia, no nível comparativo de utilidade da própria personalidade e na sua conseqüente reafirmação.

A palavra amor às vezes poderá ser entendida como sexo (relação sexual) quando ela é usada em expressões como "fazer amor". Mas no amor, propriamente dito, reside o sentimento de gratidão, instintivo, compaixão, doar-se sem a consciente intenção de esperar algum retorno. É o caso do amor oriundo da troca diária de afeto, tolerância, respeito e zelo, entre os cônjuges. É o caso do amor instintivo da mãe ou do pai pelo filho, do filho pela mãe ou pelo pai.

Há, ainda, o amor do tipo “eros”, que é aquele amor romântico que uma pessoa sente por outra. É o amor que se liga de forma mais clara à atração física, e freqüentemente compele as pessoas a manterem um relacionamento amoroso continuado. Nesse sentido também é sinônimo de relação sexual.

Como você pode perceber, cultivar de forma plena o sentimento amor é bastante complicado e só as pessoas que amam de verdade podem entendê-lo e vivenciá-lo em toda a sua essência... e de tanto falar do amor eu já estava me esquecendo da saudade.

Mas o que vem a ser esse sentimento que nos enche de dor, apatia, tristeza, vontade de não fazer nada e que comumente o chamamos de saudade?!

Os estudiosos do assunto dizem que ela é uma espécie de lembrança nostálgica, lembrança carinhosa de um bem especial que está ausente acompanhado de um desejo de revê-lo ou possuí-lo.

De um modo geral, também poderemos sentir saudade em diversas situações: saudade de alguém falecido; de alguém que amamos e que está longe ou ausente; de um amigo querido; de alguém ou algo que não vemos há muito tempo; de alguém com quem não conversamos por um considerável lapso temporal; de lugares que moramos ou visitamos; de comida; de momentos inesquecíveis que outrora vivenciamos, etc.

Em se tratando do sentimento saudade, nós tendemos a ser verdadeiros facínoras, sobretudo quando em algum momento de rara felicidade, de alguma forma, decidimos matá-la. Mas nem sempre "matar a saudade" resolve por definitivo a dor provocada por esse sentimento, justamente por ser esse lapso de tempo passageiro. Quem mata a saudade nem sempre o faz definitivamente...

Agora mesmo eu estou tentando matar essa saudade que sinto de você. Primeiramente, olhando o seu retrato, lendo as suas cartas, imaginando o perfume que o seu corpo irradia, olhando o firmamento à procura de uma estrela que me conduza a você e por fim, escrevendo essa carta onde procuro fazer alguns comentários, acerca desses dois sentimentos que ora me importunam, mas tudo isso não é a mesma coisa que estar perto de você fisicamente.

Mas enquanto esse amor que eu sinto por você suportar essa saudade que ora me tortura e você não se der conta de que poderemos reatar esse relacionamento que um dia nos uniu, revivendo assim os bons momentos que outrora vivenciamos e que por motivos banais ora estamos deixando de fazê-lo, eu tenho a lhe dizer:

- Falar de amor e de saudade(s) envolvendo nós dois... sem comentários!

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