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Cartas-->Carta de um Reencontro -- 02/07/2007 - 18:51 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Querida, ver você assim, foi surpresa para mim e decerto também para você. Não perdeu a adorável mania de corar em minha presença, como se fora eu a fonte de suas energias que suponho inesgotáveis. Lembra do tempo todo? Eu sinto a iguaria de tua pele aveludada em meu rosto e o suave calor de teu colo irradiando no espaço e tornando exíguas as horas que passamos juntos.
Decerto encontrar você assim, de surpresa, no meio da chuva, correndo das ondas de água levantadas pelos veículos que passam, foi um evento tão cósmico como o encontro de duas estrelas em órbitas paralelas, mas nossos olhares se cruzaram de novo e eu pressenti em teu rosto suave um rito de lembranças.
Ver você assim, num dia de nuvens, só me faz lembrar do sol em espécie que recebíamos nas tardes dos domingos fadados ao esquecimento agora. Ver você foi o brilho daquela tarde luminosa perdida num tempo que se passa agora lento, num túnel aveludado de reminiscências que se acumulam, querida, num alvoroço de idéias que só a trazem para mais perto e só a afastam para longe de mim, para sempre.
Foi surpresa, grata fatalidade e sinal dos tempos, o que brilhou em teu olhar anuviou-o quando me viu passar no farol, longínquo e distante, como um fado de outrora, como um fardo do teu medo.
Querida, viver sem você assim foi o meu pesar de sempre mas agora, sem amargura, eu constato que seus olhos inconstantes já não me fazem falta.

Querida, passar bem.
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