De repente, afastado do convívio dos meus, sentindo o peso de uma curta solidão, pude refletir bastante sobre os últimos meses, juntando os pedaços coloridos de um mosaico que tem sido minha vida: dois anos e meio de trabalho árduo, convivendo com colegas de vários rincões do Brasil, sentindo entusiasmo quase juvenil pelo meu labor intelectual; o distanciamento, outra vez de minha cidade, onde minha mãe arremessou meu umbigo ao mar, traçando um elo mágico e inexplicável entre mim e a cidade que tanto se desfigura num nervoso crescimento; o despertar dos meus netos, uma nova geração da família que desponta; a tenacidade do meu primogênito, porfiando contra uma abominável injustiça praticada por que não sabe ser grande; o envelhecimento dos meus pais, enquanto colibris disputam a água açucarada na v aranda da casa de minha irmã; as esperanças que refulgem nos céus do planalto; esta noite sem grilos do sul da Flórida, enquanto o filho caçula telefona e pergunta se eu já estava dormindo, sem saber que estou bem acordado, possuído pela febre do escrever, que sacode o meu pensamento e faz arder a inspiração; o lume aceso para guiar os caminhos da minha querida Alice, que vem experimentar comigo mais umas férias aqui na parte sul da América do Norte.
Vou terminar por aqui...mas a inquietação persiste.