Ao verbo da Humanidade
a verdade nua e crua
demonstra-lhe que nada sabe
e Babel continua!
Apaixonantes e confortávelmente emotivos foram os estreados momentos em que me lancei a investigar e a estudar a história e as técnicas do Cordel brasileiro através do monumental Jornal de Poesia regido por Soares Feitosa, o qual também serviu para me abrir as portas da Usina de Letras, outra deslumbrante tribuna da língua portuguesa e de milhares de interventores da mais variada tinta intelectual em convívio sólidamente democrático.
Desde que pela primeira vez meus olhos deslisaram sobre a Cartilha Maternal de João de Deus, era eu então ainda muito garotinho, nunca mais o gosto da poesia me saíu do paladar dos sentidos. Meio século decorrido entre milhões de versos e centenas de poetas de eleição, cá vou de corpo inteiro por 2002 a dealbar em dilecto aconchego com a minha seráfica cara-metade no meu actual quotidiano: a poesia!
Quando me atrevi a colocar alguns trabalhos na rúbrica Cordel da Usina, sem o saber deveras, eu estava certo nas diversas proposições que inseri, mas fui desde logo assaltado por um "terroristazinho" e anónimo "webpoint" (anda por aí feito melga vesga) com insultos graves que me desconcertaram o espírito, o que permitiu - e ainda bem - um espectacular encontro nas lides cordelistas com os exímios poetas-cantadores do Brasil: Mestre Egídio e Daniel Fiúza, cuja dimensão já detenho razoávelmente nesta altura, após atenta consulta aos parâmetros do Cordel. A pouco e pouco abre-se pois doravante a oportunidade para todos nos avaliarmos mútuamente, não por aquilo que já fizemos, mas sobretudo pelo que de novo vamos fazer, incentivando-nos uns aos outros por mais e melhor. Salvé Cordel!
No dia
que todos falarmos
mundanês
e a Babel longínqua
chegar ao fim
o meu osso de pó
em português
será o pó de todos
donde vim...
O tempo
o ar, o vento
farão assim
do meu anódino
e subtil tormento
a memória
num dente de marfim
que então for
de novo pensamento!