Parabéns pela reportagem Paz no Campo prega reação contra o MST (3/11, A14). Excelente que um jornal formador de opinião leve ao público questões polêmicas para esclarecimento e debate. Moro em Bagé, região que vem enfrentando ações agressivas desse movimento. Nas invasões, chegam na calada da noite grupos encapuzados e fortemente armados, com gritos de guerra que assustam os moradores ainda dormindo e que, por residirem em locais distantes, estão longe de proteção. Após a dominação do ambiente e a chegada ao clarear do dia de ônibus com mulheres, crianças e mais homens, estes somem. Quando chegam a imprensa e a polícia, posam de vítimas. Foi assim na Fazenda Capivara, hoje um assentamento, e na Fazenda Ana Paula, que desistiu do Brasil e foi para o Uruguai, onde está produzindo e vai muito bem, obrigada. Nos locais de assentamento ou acampamento, os vizinhos sofrem roubos e depredações de tal monta que a única saída é vender as propriedades, já com valor abaixo do de mercado, o que deprecia áreas vizinhas de tais grupos. Quanto ao Paz no Campo, é uma satisfação que estudiosos se importem com o agronegócio. Por eles ficamos cientes de que aquele não é um movimento social, como apregoa, e sim um movimento de luta política muito bem organizado, coordenado e financiado. E que, ao contrário do que a maioria pensa, tais questões não são localizadas, mas pertinentes ao Brasil inteiro. Só com informação isenta podemos mostrar à população quem trabalha e quem atrapalha. Afinal, só queremos paz para trabalhar e produzir. Será pedir demais?
Sem dúvida, a campanha Paz no Campo merece todo o apoio. Isso porque a ênfase dada aos quilombos é mais um capítulo dessa malfadada reforma agrária que nos querem impingir. Sobre os pretensos “benefícios”, basta olhar em torno: em nenhum país do mundo onde se tenha feito reforma agrária confiscatória, prenunciada no Estatuto da Terra e implantada, principalmente, a partir do governo Sarney, a produção de grãos aumentou sequer um saco. Portanto, se a produção não aumenta, a miséria fica igual - ou piora. Quase todos os anos a safra agrícola paranaense lota praticamente a estrada de Curitiba a Paranaguá com caminhões carregados, pára-choque contra pára-choque. E não se vê uma única carroça cheia com a produção dos assentamentos. Então, para que gastar a fortuna que estão dilapidando com assentamentos, se não diminui a miséria que dizem existir? Deixem o agronegócio funcionar!
ÊNIO JOSÉ TONIOLO
eniotoniolo@pop.com.br
Londrina (PR)