Prezada colega da Usina de Letras: lí, ontem, o seu trabalho "Ensaiando um soneto", e, "data venia", quero lembrá-la de que tal forma fixa de poesia é composta de quatorze versos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos (o chamado soneto italiano), pois, a tal forma chegaram Francesco Petrarca e Dante Alighieri, depois que ele(o soneto) foi criado no Sec. XII, na Sicília, por Giácomo da Lenttini.
Os sonetos mais comuns ou mais praticados são o decassílabo e o alexandrino ( este dividido em dois hemistíquios), seguidos do sonetilho, setissilábico, cujo nome de maior expressão, no Brasil, foi B. Lopes(Bernardino da Costa Lopes),autor dos Cromos. Os que escreveram e escrevem decassílabos e alexandrinos, são milhares, inclusive todos os modernistas da Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo.
Quanto ao decassílabo, obedece à distribuição de rimas, nos quartetos: abab e abba(fora disso é exceção); e nos tercetos, a distribuiçãO das rimas fica mais a critério ou conveniência do autor(abc com abc, aab com aab, bba com bba, etc.) Entretanto, cada verso do decassílabo deve ter como tônicas as 6a., 8a. e 10a. sílabas;a 4a., 8a. e 10a. sílabas e a 4a.,6a. e 10a. sílabas(uma foram para cada soneto). Já no alexandrino, os versos são compostos de dois versos de seis sílabas,e,portanto,deve ter sempre como tônicas a 6a. e 10a. sílabas(hemistíquios). No sonetilho, usa-se, na contagem de sílabas, o mesmo critério da trova e aconselha-se a leitura do Decálogo de Metrificação, de Luiz Otávio.Nada impede,porém,que o autor escreva soneto com número de sílabas diferentes: já lí soneto de quatorze sílabas.O impportante é que todos os versos tenham o mesmo número de sílabas métricas ou poéticas(o referido Decálogo, de Luiz Otávio,deve ser estudado, tanto para a feitura da trova quanto do soneto,no que se ferere aos hiatos e elisões). Não tome isso como uma aula, nem exibicionismo, senão como uma prova de amor ao soneto: é uma pessoa mais experiente mostrando aos mais jóvens as regras do jogo...
Cordialmente.