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Cartas-->Carta a Marco Antonio Pontes -- 06/03/2008 - 15:57 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Brasília, 06/03/2008

Caro Marco Antonio Pontes,

Em sua coluna do Jornal da Comunidade, 1º a 7 de março 2008, o Sr. mais uma vez tece loas ao regime tirânico de Fidel Castro, assim como, de costume, aproveita para outra vez criticar a revista Veja, por cumprir sua função básica, qual seja, informar ao público o que tem ocorrido na ditadura comunista de Cuba. Tempos atrás o Sr. já enaltecera no Comunidade a Ilha-prisão comandada pelo Abutre do Caribe, dizendo que lá morriam menos crianças do que nos EUA, 7 contra 8/mil habitantes, se não me engano. Ora, comparar uma população sistematicamente dirigida e vigiada em uma pequena Ilha, que durante décadas recebia gorda mesada de Moscou, um território de apenas 11 milhões de habitantes, com um país que tem uma população de mais de 295 milhões, como é o caso dos EUA, onde coexistem refugiados (especialmente da Cuba que o Sr. tanto enaltece), imigrantes de todas as partes do mundo, em busca de uma vida melhor, é uma impostura total.

Convém lembrá-lo que Cuba, antes da Revolução castrista, já tinha um dos melhores indicadores sócio-econômicos da América Latina, cuja situação só piorou depois de Castro (Cfr. dados da revista Veja de 27/02/08). Em Cuba não existe Educação, apenas adestramento doutrinário marxista; os diplomas de medicina fornecidos por Cuba não são aceitos pelo Conselho Nacional de Medicina brasileiro, para desespero dos petralhas e seus simpatizantes. A Saúde cubana é uma miséria igual ou pior que a brasileira; basta ler o livro Trilogia Suja de Havana, de Pedro Juan Gutiérrez, para saber o que lá se passa.

Uma pergunta simples: por que será que ninguém vai morar na Cuba castrista, que o Sr. tanto venera, e milhões arriscam a própria vida para entrar nos EUA, que o Sr. tanto odeia?

Quanto à Veja, é a melhor revista brasileira, pois não poupa críticas a quem quer que seja, quando existe autoritarismo e corrupção: a ditadura militar dos generais-presidentes, a corrupção do Governo Collor, a corrupção dos Anões do Congresso, a corrupção verificada durante o governo FHC (como a compra de votos de parlamentares para aprovar a reeleição) e, finalmente, a magna corrupção deste governo petista dos mensaleiros e dos cartões corporativos que, uma vez, se apresentou como ético - sem comentar a história de vida nada edificante de seus atuais lugares-tenentes, como José Sarney, Jader Barbalho e Renan Calheiros. Além do mais, a defesa da Veja é, principalmente, em favor das liberdades individuais, do livre empreendorismo e de um Estado mais enxuto, que deixe para os empresários as atividades econômicas e assuma de vez sua atividade-fim, qual seja: Saúde, Educação e Segurança.

Voltando a Cuba: tenho a dizer que julgo que há dois tipos de pessoas que enaltecem Fidel Castro:

1) os idiotas, que não entendem nada do que se passa em volta; e

2) os patifes, que aberta, cínica e conscientemente apóiam o maior assassino das Américas, Fidel Castro, que fuzilou em torno de 17.000 pessoas e até hoje promove a tortura a presos políticos. A única diferença entre Fidel e Pol Pot é que este matou 20% da população do Camboja, enquanto que aquele foi responsável pelo êxodo de 20% da população de seu país.

Desculpe por importuná-lo com esta mensagem um tanto longa, porém não deve haver condescendência a tirano algum, seja o "coma andante" Fidel, seja o "ditador" Pinochet - como vocês, da esquerda, denominam essas figuras. Quem elogia Fidel, deve também elogiar Stalin e Hitler, por uma questão de coerência.

Atenciosamente,

Félix Maier
www.midiasemmascara.com.br

***

Em sua coluna do Jornal da Comunidade, de 15 a 21 de março de 2008, Marco Antônio Pontes assim respondeu:

“Um leitor furibundo

Bravo, furibundo mesmo, ficou um leitor com o que eu disse aqui sobre Cuba e Fidel. Chama-se Félix Maier e já me escrevera antes; tive o prazer de acolher-lhe oportunas opiniões sobre temas como defesa da Amazônia, do petróleo e outras riquezas nossas, alvo da cobiça internacional. Dele transcrevi, também, eventuais discordâncias.

Mas dessa vez ele não diverge: encoleriza-se. Não argumenta: agride. Não critica: ofende.

Irrita-se porque ousei encontrar algo positivo em Cuba, para ele apenas uma ‘ilha-prisão’ sob ‘ditadura comunista’, de ‘população dirigida e vigiada’, onde ‘não existe educação, apenas adestramento doutrinário marxista’, a saúde é ‘uma miséria igual ou pior que a brasileira’... – tudo bem diferente do que divulga a imprensa livre de várias partes do mundo e relatam viajantes que lá estiveram. Fidel Castro, para ele, é o ‘abutre do Caribe’, ditador comparável a Hitler e Stalin; e repete, cruelmente, o mau gosto de Veja quanto à doença que o derrubou, chamando-o ‘coma andante’.

A este humilde colunista oferece duas alternativas: serei idiota ou patife.

Um leitor furibundo (II)

Na longa catilinária o senhor Maier só elogia os Estados Unidos e a revista Veja, fonte quase exclusiva de suas ‘informações’ sobre a ilha. Quase, disse, porque ele também cita a Trilogia suja de Havana, de Pedro Juan Gutiérrez, ácido crítico das mazelas de seu país.

Compulsivo ledor, suportei estoicamente a anacrônica verrina anticomunista de Veja sobre a transição em Cuba. Já do escritor cubano gostei muito de tudo o que li, inclusive a excelente Trilogia..., que o irado senhor Maier leu mal – ou saberia que os problemas ali relatados, que ele imagina atuais, são parte da crise dos primeiros anos 1990, quando o colapso da União Soviética privou Cuba, subitamente, do único parceiro comercial de peso. Ante a persistência do bloqueio econômico imposto há mais de quatro décadas pelos EUA, o desabastecimento grassou e os cubanos imergiram no desemprego, na desesperança. Condição já superada, como atestam depoimentos recentes.

(Muitas coisas que o senhor Maier ignora: Pedro Juan Gutiérrez mora em Cuba, é jornalista, trabalha em Havana e lá publica livremente seus livros.)

Um leitor furibundo (III)

Ao finalizar ele é gentil, como em outras ocasiões, e desculpa-se ‘por importunar’.

Nada a desculpar, quanto às opiniões discrepantes. E perdôo a inustiça, injuriosa descompostura por constatar que o senhor Maier não leu (nem teria obrigação de ler) o mais que escrevi sobre Cuba. Do contrário saberia que costumo registrar – e lamentar, ao contrário de quem com ela regozija-se – a pobreza do povo, a verberar a falta de liberdade, sobretudo de expressão. Que, afinal, não será absoluta como pretendem os críticos mais acerbos, como o missivista. Se o fosse, como o jornalista Gutiérrez conseguiria emprego?

Tampouco me incomoda: ao assinar esta modesta coluna, compulsoriamente abro-me à crítica. Entristece-me, sim, constatar em sua carta, a par da incompreensão de meus propósitos, a ignorância dos fatos que abordamos. E, pior, a persistência de um extemporâneo anticomunismo que, se inevitável em Veja, mercê dos interesses que tresandam de sua propaganda do fundamentalismo capitalista, soa estapafúrdio em quem patrioticamente defende os interesses do Brasil.

E que nos perdoem os demais leitores, a mim e ao senhor Maier, se os importunamos com nossas longas digressões”.

***

Em sua coluna no Comunidade (29 de março a 4 de abril), Marco Antônio Pontes escreve:

“Contra-senso comum

Peço vênia para transcrever, em meio a oportuna denúncia de vícios da imprensa, um elogio a esta coluna. Honra-me a manifestação de Hélio Doyle, brilhante jornalista, defensor intransigente da liberdade de expressão?

‘Parabéns pela longeva coluna, é muito bom saber que em algum lugar da nossa imprensa há pensamento inteligente, que não se prende a preconceitos ideológicos e não se submete ao ‘senso comum’ tão em voga entre jornalistas e intelectuais midiáticos que substituem informações e análise por defesa de suas posições políticas e ‘achismos’. É triste ver o jornalismo substituído pelo panfletarismo. Seu leitor Félix Maier [que me desancou pelo que escrevi sobre Cuba] é um exemplo de sectarismo burro. Incorporou os chavões contra Cuba (como outros incorporam chavões pró...) e não admite opiniões divergentes. Dane-se a realidade, vale o ‘senso comum’.

Fidel desmente BBC

A imprensa cubana publicou, em 29 de fevereiro, texto sob o título ‘Reflexiones del Compañero Fidel’, um veemente desmentido de reportagem da BBC. Segundo o site da estatal britânica de rádio e TV, Fidel Castro e seu irmão Raul ter-se-iam empenhado em áspera discussão, aos berros, pouco antes da confirmação de Raul na chefia de governo.

Fidel garante que é mentira: ‘Quem conhece tanto Raul como eu sabe que, por elementar sentido de dignidade e respeito, tal tipo de conversa jamais poderia ter ocorrido’.

Curioso: as especulações quanto ao desentendimento entre os irmãos freqüentaram a imprensa daqui; já o desmentido só coube porque a Agência Cubana de Notícias fez-me a gentileza de enviar o texto do Comandante”.

***

Brasília, 2 de abril de 2008

Caro Marco Antônio,

Inicialmente, gostaria de agradecer o fato de o senhor não ter me chamado de “nazista” ou “fascista” na sua coluna de 15 a 21 de março de 2008, termos esses que comumente ouço de pessoas que não conseguem digerir as críticas que eu faço ao Comunismo.

Eu admiro os EUA porque aquele país é uma grande democracia, para onde afluem pessoas do mundo inteiro em busca de vida melhor, e onde existe uma miscigenação de raças só comparada à brasileira. O que não quer dizer que eu apóie sua política externa, normalmente um desastre, iniciada com o “Big Stick” (porrete) contra países latino-americanos e atualizada com a “diplomacia de cruzeiro” (dos mísseis Tomahawk), cujas bombas, além de destruírem por inteiro o Iraque, também caíram em Belgrado durante a ofensiva da OTAN contra a Sérvia no caso de Kosovo – enfim, exemplos acabados de puro genocídio, como o foram também as bombas atômicas lançadas sobre o Japão, a meu ver desnecessárias, porque o destino da guerra já estava selado. A guerra dos EUA contra o Afeganistão, em 2001, no entanto, é defensável, porque lá o regime dos talibãs abrigavam o terrorista Osama Bin Laden, mentor dos ataques contra o WTC e o Pentágono. Agora, a guerra contra o Iraque não tem explicação nenhuma, a não ser que haja por trás um poderoso lobby das indústrias de armas, que hoje faturam mais do que nunca, às custas do contribuinte norte-americano, cuja economia se encontra combalida.

Assim como Bin Laden foi parido pela União Soviética e amamentado pelos EUA, o tirano Fidel Castro é cria direta dos EUA, pelo apoio em armas que aquele país deu à Revolução Cubana para derrubar o ditador Batista, com grande apoio da mídia ianque. O mesmo erro foi feito pelos ianques quando apoiaram em armas Saddam Hussein, que entrou em guerra contra o regime dos aiatolás do Irã.

Entende-se perfeitamente o ódio que os cubanos nutrem contra os EUA (assim como os mexicanos, que perderam toda a Costa Oeste americana). A Doutrina Monroe considerava o Caribe como um “mar interno” dos EUA, para sua defesa. Isso explica as diversas invasões feitas pelos americanos em Haiti, São Domingos, Nicarágua, Granada etc. Embora os EUA tenham libertado Cuba da Espanha, impuseram àquele país a "Emenda Platt", legislação essa que permitia ingerência americana direta na Ilha, mesmo uma invasão. Essa Emenda só foi revogada em 1934, mas aí o estrago já estava feito.

E a revista Veja também tem minha admiração, por ter uma linha liberal clássica, ou seja, a defesa da liberdade de expressão, do livre empreendedorismo, da economia de mercado, da liberdade religiosa. Enfim, daquilo que se chama "capitalismo". Não tomei conhecimento da expressão “coma andante” nas páginas de Veja. Essa revista apenas repetiu uma expressão que corre há meses na internet. Quem primeiro me repassou essa nova denominação do Abutre do Caribe foi o embaixador e escritor José Osvaldo de Meira Penna, presidente do Instituto Liberal de Brasília, do qual também sou membro. A postura de Veja frente ao Comunismo não é anacrônica e extemporânea, como o senhor afirma, porém um dever de todo veículo de comunicação voltado para a defesa da liberdade humana. Já dizia Jean-François Revel, intelectual francês, autor de A obsessão Antiamericana, entre outros livros: "Deve-se combater o comunismo não em nome do liberalismo, da social-democracia ou de qualquer outro regime, mas em nome da dignidade humana". Afinal, não custa lembrar que o patrono do MST, grupo terrorista rural que prega a comunização do Brasil, é Che Guevara. E que partidos políticos de esquerda pertencem ao Foro de São Paulo, grupo espúrio e subversivo criado em 1990 por Fidel e Lula, que tem dois objetivos: 1) salvar o regime comunista cubano (por isso as contínuas “mesadas” de Lula ao Abutre – em janeiro deste ano, foram mais 1 bilhão de dólares; e o petróleo gratuito de Chávez a Cuba); e 2) criar na região uma espécie de nova União Soviética, para “recuperar na América Latina o que se perdeu no Leste europeu”, no dizer do próprio Fidel. Quem mais se aproxima no momento do modelo cubano é a Venezuela de Hugo Chávez. Convém lembrar ao senhor, colunista e estudioso do assunto, que as FARC, assim como o MIR chileno, também são sócios de Lula e do PT no Foro – o que vale dizer que, indiretamente, Lula é também sócio de Fernandinho Beira-Mar.

Respondendo ao “leitor furibundo”, o senhor comete uma "impropriedade lingüística", para não dizer uma grande mentira: de que existe um bloqueio americano contra Cuba. Na verdade, existe apenas embargo, e muito fajuto, pois os cubanos recebem há anos comida e remédios dos EUA - sem falar nos refugiados cubanos que moram nos States e enviam milhões de dólares para seus parentes em Cuba. Somente existiu “bloqueio” uma vez, por ocasião da crise dos mísseis atômicos soviéticos instalados em Cuba, e foi por um período muito curto. Se existem problemas sérios em Cuba, é em função da política econômica lá instalada pelos comunistas, não pelos malvados americanos. Esse é um chavão que todos os simpatizantes de Fidel sempre repetem e que mantém o Abutre no poder há tanto tempo. Cuba pode negociar com todos os países membros da ONU com quem têm relações diplomáticas - fato já alardeado pelas próprias autoridades cubanas. Se quase ninguém quer fazer negócios com a Ilha, é porque não convém. Ponto final.

Quanto ao escritor Gutiérrez, convém lembrar que ele perdeu o emprego por conta de sua orientação política e passou a sobreviver em Cuba praticando pequenos crimes. Basta lembrar que ficou 2 anos na cadeia por mostrar seus “instrumentos” sexuais a turistas em visita a Cuba, como ele mesmo relata em Trilogia. Os livros que ele escreve são publicados no exterior, não em Cuba, onde nada é permitido que seja publicado, a não ser que se elogie o tirano. Pelo que o senhor escreveu na coluna, até parece que Gutiérrez freqüenta a roda da elite cubana, que autografa seus livros nos cafés de Havana, com a maior liberdade possível, entre um gole de mojito e uma baforada de charuto. Vamos falar sério, senhor Marco Antônio! Quem o senhor pretende enganar?

É claro que Cuba está se modificando a partir dos meados da década de 1990, quando chegou ao fundo do poço por conta do corte da gorda mesada soviética. A Ilha do doutor Castro, livro de Corinne Cumerlato e Denis Rousseau, já aborda a nova situação, em que existem dois tipos de cidadãos cubanos: os detentores de dólares (a expressão “socialismo o muerte” foi substituído por “dolares o muerte”) e os detentores do desvalorizado peso cubano, que nada vale. A melhoria econômica cubana não é decorrente do tipo de regime implantado no país, que o senhor tanto enaltece, mas numa certa abertura econômica, em que o Exército, já anteriormente comandado por Raúl Castro, administra o turismo e fiscaliza diretamente a construção de novos hotéis, com investimento externo. Hoje, qualquer professor cubano fica louco em trocar sua profissão para ser taxista, para receber gorjetas em dólares ou euros dos turistas. A China tem hoje o sucesso conhecido não devido à truculência do PC, mas à abertura do mercado, ou seja, o capitalismo que o senhor tanto execra. Se Raúl Castro liberalizar a economia, em breve teremos um novo “tigre” mostrando suas garras, desta vez no Caribe.

Quanto a Fidel desmentir a BBC, quem vai acreditar na história, mesmo que receba algumas caixas de havanas? Afinal, já dizia Lênin que "dizer a verdade é um conceito pequeno-burguês" e que "o fim justifica os meios empregados".

Eu gostaria de lembrar ao jornalista Hélio Doyle que não existe sectarismo em combater a Peste Vermelha, esteja ela onde estiver, assim como se deve combater com a mesma tenacidade também o nazismo e o fascismo – na verdade o Cérbero das três bocarras horrendas que infernizaram o mundo durante o século XX.

Finalizando, gostaria de concluir com um aforismo de Janer Cristaldo, autor de Ponche Verde: "Marxismo é como cachumba. Ou dá na idade certa, ou provoca esterilidade".

Atenciosamente,

Félix Maier

***

Em sua coluna do Comunidade, edição 1011 (12/04 a 18/04 2008), Marco Antonio faz a réplica da tréplica:

Um leitor radical

Volta à carga o leitor Félix Maier. Mas desta vez ele não vem furibundo. Até agradeceu não o haver chamado “nazista”, em função de sua catilinária anticomunista.

Continua radical, porém. Fidel Castro, para ele, é o “abutre do Caribe”. Marxismo é a “peste vermelha”. Seu texto é repleto de expressões que tais, datadas da década de 1950.

Ele reitera sua admiração pelos Estados Unidos – “uma grande democracia, para onde afluem pessoas do mundo inteiro em busca de vida melhor, e onde existe uma miscigenação de raças só comparada à brasileira” – com o que concorda este velho escriba. E também critica-lhes “a política externa, normalmente um desastre, iniciada com o ‘big stick” (porrete) contra países latino-americanos e atualizada com a ‘diplomacia de cruzeiro’ (dos mísseis Tomahawk)”, citando a destruição do Iraque e a ofensiva contra a Sérvia, “exemplos acabados de puro genocídio, como o foram também as bombas atômicas lançadas sobre o Japão”. Assino em baixo, de novo.

Um leitor radical (II)

Respeito as opiniões do senhor Maier, enquanto divirjo da maioria delas. Malgrado sua inegável erudição, parece-me que se engana quanto a alguns fatos da história recente, sobretudo quanto às relações entre os Eua e seus vizinhos ao sul. E soa-me curioso que negue haver bloqueio estadunidense contra Cuba, admitindo tratar-se apenas (?!) de “embargo”.

Infelizmente falta-me espaço para transcrever-lhe toda a longa explanação. Seria bem instrutiva para os eventuais leitores, como o foi para este colunista. Positiva e negativamente.

Vejam a pitoresca citação de um conhecido aforismo, que ele atribui a Janer Cristaldo:
“Marxismo é como cachumba. Ou dá na idade certa, ou provoca esterilidade”.

Lembro, a propósito, frase análoga e igualmente bem formulada, atribuída a tanta gente que já não sei a quem creditar a autoria:
“Quem não é radical na juventude é alienado; quem continua radical na maturidade, também.”


***

Brasília, 14/04/2008

Caro Marco Antonio,

Li sua coluna de 12/04 a 18/04 na Internet e gostaria de tecer alguns comentários que, prometo, serão os últimos sobre nossas divergências cubanas.

Hoje, ser radical não é combater a Peste Vermelha (assim como não é combater o Nazismo e o Fascismo, as outras duas bocarras do Cérbero totalitário). Ser radical, Sr. Marco Antonio, é apoiar Fidel Castro e endeusar Che Guevara, el chancho (o porco). Ser radical é apoiar as FARC, não as considerando "terroristas", mas apenas um "grupo político". Ser radical é apoiar a China, apesar do genocídio promovido contra o Tibete. Segundo o escritor soviético Alexander Soljenitsyn, "a ocupação chinesa do Tibete é obra do mais brutal e desumano de todos os regimes comunistas que já existiram no mundo". Dos seis mil mosteiros antes existentes no Tibete, os comunistas deixaram apenas oito em pé. Morreram cerca de 1.200.000 tibetanos, assassinados, torturados, ou queimados vivos em campos de concentração, além de milhares de mulheres obrigadas a abortar e esterilizadas à força.

A meu ver, a única forma de socialismo/comunismo que pode ser apoiada são os kibbutzim israelenses, onde todos são beneficiados pelo trabalho conjunto feito nas fazendas. Eu apoiaria o MST, se seguisse esse modelo e não quisesse transformar o Brasil em uma Cuba continental.

Volto a repetir: não existe bloqueio dos EUA contra Cuba, apenas embargo, e muito suave, já que aquele país fornece alimentos e remédios aos cubanos, além de milhões de dólares através dos refugiados lá estabelecidos. As leis americanas Torricelli e Helms-Burton contra Cuba, nunca aplicadas com eficácia, não impedem a Ilha de comercializar com o mundo inteiro, porque nunca houve bloqueio. Insistir em falar em "bloqueio" é continuar propalando uma grande mentira.

Não sou radical. Apenas um humilde escriba que tenta ver o mundo dentro da análise lógica, muitas vezes fria e ingrata, não dentro de sonhos fantásticos que demonstraram ser os mais terríveis pesadelos que a Humanidade já enfrentou.

Obrigado pela consideração demonstrada em sua coluna do Comunidade.

Atenciosamente,

Félix Maier

P.S.: Para conhecer alguns dos meus escritos "radicais", acesse http://www.midiasemmascara.com.br/arquivo.php?posted=S&fauth=S&aid=13&language=pt.


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