Estive relendo nossas conversas, desde o início, e de repente me bateu uma saudade, uma vontade de que todas as coisas fossem diferentes.
Sinto sua falta, como se faltasse uma parte minha, e talvez falte e sempre faltará.....é a eterna incompletude.
Mas ao mesmo tempo, tenho a sensação de que fui premiada, consegui resgatar em parte, uma coisa muito importante para mim e minha vida: você!
Claro está, que não foi um resgate completo e total, se assim o fosse não estaria escrevendo isso.
Mas uma coisa é certa e verdadeira: você existe e eu também, tivemos um passado juntos (pequeno é verdade), mas intenso o quanto poderia ser na nossa idade.
E muito mais tarde, talvez tarde demais, tive coragem para lhe procurar e lhe falar de coisas que há muitos anos estavam guardadas, ocupando lugar e talvez até atrapalhando o meu desempenho como mulher, pois queria continuar a ser a menina que você amou um dia.
Não sou mais a menina, apesar de ainda me considerar meio adolescente, mas isso é outra coisa, sou uma mulher vivida, com experiências boas e ruins, uma mulher que sobreviveu num mundo em mudança, onde não sabia direito qual era meu lugar, talvez nunca saiba....
Mas tenho certeza que você viveu muito mais incertezas do que eu, e talvez ainda não saiba bem qual é seu lugar, ou a que veio, por que está no mundo, qual o seu papel, além de provedor, de ter responsabilidades, e ter que dar satisfações até quando não quer ou não precisa.
Tenho a sensação que você desistiu da vida, de ser feliz, de poder tudo, de ser uma pessoa especial. Conformou-se com a vida estabilizada e sem questionamentos, tudo em seu lugar, tudo como você está acostumado......
Respeito isso, mas não aceito.
Pergunte-me: quem é você para aceitar ou não qualquer coisa a seu respeito?
Eu lhe responderei: aquela mulher que sempre lhe amou, mesmo sem saber quem era você, amei durante toda minha vida, e isso me dá o direito de aceitar ou não algumas coisas.
Não que isso importe, importa apenas a mim.....a você importa a comodidade, a tranqüilidade, aliás você já não tem mais idade para essas coisas de amor (suas palavras). Que pena e que triste fico, cada vez que penso nisso.
Será que temos idade para o amor? Quando é que devemos desistir de ser feliz? De amar e ser amado? De ser quem você é... e não quem as pessoas querem que você seja?
Enfim, creio que esta seja a derradeira carta que escreverei, pois o tempo passa célere, e eu ainda quero amar e ser amada, intensa e apaixonadamente.
Quero apenas que saiba da importância que teve e ainda tem, na minha vida.
Espero que procure ser feliz, ser você, porque você é lindo e uma pessoa especial.
