Quis olhar nos teus olhos, mas não tiveste coragem de olhar nos meus. Sabias o que lerias neles, embora eu temesse ler os teus.
Quis tocar na tua pele e tu, mais uma vez, temeste. Sabias que seria impossível manter a pose, seguir fingindo a fortaleza que não és.
Quis o diálogo, olho no olho, e mais uma vez te acovardaste. Preferiste a frieza das letras ao calor da voz. As letras podem ser deletadas, substituídas, omitidas, despejadas, grifadas, reduzidas, extrapoladas, silenciadas. A voz, no entanto, penetra mais do que os ouvidos, atinge a alma!
Quis a aproximação, inda que soubesse que poderia ser uma única. Mas temeste não resistir e entregar-te de corpo e alma, curvando-te ante tudo que não aceitavas, mas que sabias sentir.
Quis pouco. Pedi tão somente cinco minutos! Seriam suficientes para que jamais voltasses a negar os meus sentimentos e os teus. Mas optaste por seguir negando. Negando o meu e o teu amor, negando as verdades que conhecias, negando a intensidade de tudo que vivemos, negando a dignidade que pautou, sempre, em nossas vidas.
Mais que isso tudo, optaste por seguir usando as letras enquanto palavras vis e imorais brotassem em tua mente, visando me afastar de ti, cada vez mais.
Também para essa covardia eu fechei os olhos e os ouvidos e, inconformado, despejaste tudo de ruim que existia dentro de ti, acreditando, assim, que mudarias os meus sentimentos.
Fim do estoque de vocábulos desprezíveis, ausência de argumentos que visassem deteriorar ainda mais a imagem que havias criado para mim, outra alternativa não te restou, senão a do silêncio.
Um silêncio triste, de quem perdeu a razão. Um silêncio digno de compreensão, porque nada resta a quem não sabe permitir ao coração que fale o que realmente sente. Um silêncio digno de piedade, porque apenas destrói a sensibilidade e a pureza de quem já foi sensível e puro, mas optou pelos caminhos invernais que atingem deliberadamente a todos que não se dão coragem para olhar nos olhos, para enfrentar, para viver, de cabeça erguida, a realidade, nominando-a de virtualidade.
Quis te fazer mais feliz. Afinal de contas, o amor dá felicidade e, amor por ti e para ti, tenho de sobra. Óbvio que tenho de sobra, pois quanto mais amamos, mais acumulamos amor, daí porque eu afirmo que, em nenhuma hipótese, o amor acaba. Daí porque eu propago, sem qualquer medo de errar, que o amor é eterno.
Nunca esqueças que quem ama não perdoa, porque quem ama compreende e quem compreende não se ofende.
Quis que compreendesses o meu amor. Quis te dar o meu amor. Quis partilhar contigo a minha felicidade. Mas preferiste desprezar essas gotas de alegria que todos nós tanto buscamos.
Foi a tua opção, que eu respeito. Mas não penses, em momento algum, que qualquer dos teus atos ou das tuas palavras mudou os meus sentimentos.
O amor é eterno. Quando o sentimos florescendo podemos ter certeza de que a semente foi germinada há muitas vidas e nada, nem ninguém, tem poder ou capacidade para extrair suas raízes, tão profundas que são.