As historias que começam pelo fim dão essa sensação, a de que o envolvimento só causou dor e solidão. Agora sentado na beira da estrada vejo a ventania apagar meus rastros, eu que trilhei esse caminho todo enfeitiçado agora pra me sentir feliz preciso recorrer ao passado.
Dias de glória quando a nossa história ainda era só uma promessa. O melhor da festa parecia ser esperar por ela, na imaginação atingíamos notas musicais agudas, pelas palavras vindas das telas miúdas, pelas janelas abertas, pelos olhos fechando tentando conceber o ato.
E quando veio mesmo o tato a coisa pegou fogo de vez, incendiou as camas e queimaram-se os cobertores tamanha era a nossa languidez, com a boca e os sensores sensuais sendo usados como talheres, nos banqueteamos e desfrutamos de nossos sabores, pele com pele temperada pela saliva.Ela lasciva, eu libertino, é nessa hora que o homem nasce de dentro do menino.
Eu acordava sempre antes dela e ficava admirando seu corpo deitado na cama, os seios quase em repouso,a respiração calma e serena, ficava fitando seus olhos esperando que acordasse, queria que depois das nossas noites de amor eu fosse a primeira coisa que seus olhos vissem quando se abrissem na manhã seguinte.
E ela agora sumiu faz muito tempo, tempo suficiente pra que sua ausência pareça mesmo ser definitiva...