Quando sentes que serás mãe,
Quando a vida se mexe dentro do teu corpo,
Quando teu corpo se abre para recebê-la,
Quando teu leite chega e alimenta,
Quando o primeiro sorriso te sustenta,
Quando a primeira palavra é ouvida,
Quando os primeiros passos são dados,
Quando as primeiras letras são reconhecidas,
Quando um caderno é comprado,
Quando vês as primeiras notas,
Quando vais à primeira reunião,
Quando assistes a primeira comunhão,
Quando te encantas nas festas escolares,
Quando chega o primeiro diploma,
Quando chegam os outros títulos,
Quando ouves “mãe, estou amando”,
Quando vês que outra família vai se formando,
Quando vês que parte de ti gera outra vida,
Quando tua família está reunida.
Tu começas a chorar muito cedo:
De tristeza:
Quando te sentes impotente,
Ao ver teu filho se tornando gente
Perdendo o aconchego e proteção
Que existiu dentro do teu ventre.
E choras:
Quando a dor o faz sofrer,
Quando a febre não o deixa adormecer,
Quando a doença o faz padecer,
Quando a lágrima em seu rosto rolar,
Quando seu sorriso desaparecer,
Quando a boa nota não chegar,
Quando o infortúnio o faz esmorecer,
Quando o emprego não acontecer,
Quando a paixão o faz sofrer,
Quando a palavra certa tu não souberes dar,
Quando o conselho é pouco e querias estar no lugar,
Quando sua tristeza tu não puderes minimizar,
Quando a vida o fizer sofrer.
E tu choras sempre, mãe!
De tristeza e de alegria,
De emoção e na nostalgia,
No sucesso e na derrota,
Se não souberes como abrir-lhe a porta,
Mostrando o novo caminho a seguir.
E tu choras em tuas orações,
Não conheces o termo “perdão”
Pois, para ti, nada existe a perdoar,
Da tua vida pouco já te lembras,
Tudo que fazes é por tanto amar.
Teu amor, mãe, não se compara,
A qualquer exemplo de grandiosidade,
Choras de tristeza e de felicidade,
Vives do momento e da saudade,
Tens o sorriso e o pranto
Que nos serve de acalanto.
Teu amor, mãe, é o próprio alimento,
O nosso ar, nosso sustento,
É maior que o sol, que ao sistema comanda,
É pura e infinita lealdade,
É o universo, a vida, a verdade!