Há pouco, entrando no Usina de Letras para as minhas leituras diárias, li a notícia que me desconcentrou, através da Carta-Homenagem publicada pela querida Milene.
Tomar conhecimento da morte do tão querido amigo e poeta Jorge Ribeiro Sales, neste 14 de novembro, me deixou, num primeiro momento, sem ação e sem palavras. Como se quisesse confirmar, fui até a Seção de Cordéis, onde o Jorge se fez tão presente durante tanto tempo e ali encontrei as homenagens dos poetas Airam Ribeiro e Silva Filho, revelando-me que eu não tinha lido erradamente a carta de Milazul.
Automaticamente entrei na página do Jorginho e constatei que sua última publicação na Usina de Letras foi a sua poesia de Adeus à tão querida Sal, Olympia Salete Rodrigues, em junho de 2006 e que agora deve estar mais feliz pois, com certeza, está recebendo com muitos versos o grande amigo Jorge que foi ao seu encontro.
O Jorge era sim um exemplo de amizade, a personificação da palavra “amigo“. Seu talento ímpar e sua sensibilidade jamais foram óbices à sua generosidade e à sua preocupação com as pessoas que faziam parte da sua vida. Para ele não existiam amizades reais ou virtuais: existiam amigos, amigos verdadeiros. Morando no Espírito Santo, fazia o Brasil ficar pequeno, pois envidava todos os esforços para manter-se presente, fosse através de e-mails ou de telefonemas ou de correspondência. Muitos poetas da nossa Usina de Letras tiveram o prazer de conviver com ele ou de conhecê-lo pessoalmente. Não pude conhecê-lo fisicamente, mas fui uma das pessoas privilegiadas que puderam conhecer a sua alma de poeta e de ser humano. Guardo, com todo carinho, o seu primeiro CD que recebi com tanta emoção, há alguns anos.
Nunca me faltou o seu incentivo e a sua ajuda em todos os momentos em que ele sentia que eu precisava de um amigo. E sei que isso ele fazia com todos nós, os seus amigos poetas e escritores.
O plano espiritual recebe mais um anjo-poeta e, tenho certeza, há festa no céu!
Jorge, meu querido amigo e poeta: sei que agora você está bem, mas me faltam as palavras que eu gostaria de dizer para homenageá-lo neste momento em que sinto o vazio que você deixa. Queria escrever-lhe uma poesia, mas não tenho inspiração para tanto. Mas sei, também, que você sempre gostou da minha prosa, tornando-se meu leitor assíduo e um incentivador ímpar. Por isso eu sei que as rimas se tornam desnecessárias.
E creio que eu não poderia prestar-lhe melhor tributo do que deixar aqui registrado dois dos seus poemas que me foram enviados por e-mail há alguns anos, quando a nossa Usina era, também, o ponto de encontro, através da literatura, de tantos de nós, os primeiros que aqui chegaram e que construíram uma grande amizade:
Dia do amigo
Não que os outros dias
Não sejam também do amigo
Mas já que criou-se um dia específico
Prá ti minha amizade ratifico
Não que não seja dia do amigo
Nos outros dias
Mas ,já que especificaram um dia
Quero dizer hoje,
eu te amo ,
através da poesia.
Jorge Sales – 20/07/2002
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Quando o amor silencia
Quando o amor silencia
O peito fica abafado
Descuidou-se o coração
E foi um prá cada lado
Em mim fica a saudade
Sofro muito na verdade
Silente e desanimado
Mas a vida continua
Cura de tristeza é alegria
Ficam enfim as lembranças
Do era feliz, não sabia
Daqueles momentos felizes
Amor de todas matizes
Quando o amor silencia
Vida é feita de momentos
Até no gostar se vicia
É melhor se recolher
Que iniciar uma porfia
Quando o amor silencia
Mas deixemos de tristeza
Rei não perde a realeza
Se salve então a poesia
Jorge Sales
Para nós fica a imensa saudade. Para você, a alegria do fim dos sofrimentos da matéria e do retorno à pátria espiritual para, com muita Luz e muito Amor, viver, com os anjos que te esperam, a vida eterna.
Vá com Deus, Jorge Sales! Obrigada por ter sido meu amigo! Um dia nos encontraremos!