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Cartas-->AMOR E PERDÃO -- 17/11/2008 - 02:42 (Ivone Carvalho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AMOR E PERDÃO
(Ivone Carvalho)


Do Nada se fez o Universo e a Vida. Do Nada, se fez Tudo. E Tudo foi feito com Amor, em nome do Amor, por Amor.

Somos pequenos demais ante o Poder, a Onipotência, a Bondade, a Paternidade, a Magnitude, o Amor do Criador.

Um Amor tão imenso, que O fez determinar ao seu próprio Filho que aqui viesse para ensinar-nos a amar. Para compreendermos que Vida é Amor e que o Amor gera Vida.

E o Filho, no cumprimento de Sua missão, foi além. Mostrou-nos até o seu último suspiro, que o Perdão é parte integrante do Amor e não se separa dele em momento algum, porque o Amor é indivisível.

Com Sua imensa Sabedoria, Ele nos provou que o Amor, o verdadeiro Amor, o Amor na sua essência, na sua pureza, na sua soberania, não tem começo, meio ou fim.

O Amor do Pai gerou a natureza e o homem, este com características especiais, dando-lhe, além da alma que lhe permite os sentimentos, a inteligência que lhe permite mensurar os sentimentos, pensar, entender, compreender, perdoar.

O Amor do Filho agrupou, ensinou, multiplicou, dividiu, perdoou.

E o homem, ente abençoado em todos os aspectos, descobriu que o amor de um casal gera vida. Que um simples feto gera amor. Que a vida só existe em decorrência de todo esse amor. Que nem mesmo a morte extermina o amor que se deu e se recebeu durante a vida.

Mas o homem, em sua missão de aprendizagem, vai esquecendo que ao mesmo tempo em que é o mais completo dos seres criados por Deus, é também o mais imperfeito. Não pela Vontade do Pai, mas pelo livre arbítrio que recebeu e que lhe permite tomar decisões e gerir sua própria vida ao seu modo, cometendo erros e acertos ao longo de todo o tempo.

O que o homem não pode avaliar e nunca conseguirá mensurar é até onde alguma coisa está certa ou errada. Coisas que correspondem a atitudes, decisões, escolhas de caminhos, definições, determinações.

E quantas vezes ele opta por caminhos escusos, árduos, negros, que, embora possam chegar ao mesmo fim, podem fazê-lo sofrer uma dor desnecessária ou que poderia ter sido evitada.

Outras vezes ele escolhe vias mais rápidas, vê a luz que aponta o caminho ideal, mas na verdade, ele não pode ter certeza de que está fazendo a opção certa e, ao final, atingido o seu objetivo, ele se sente feliz mais rapidamente. Tantas e tantas vezes não se chega ao resultado pretendido e, esquecendo-se que não tem o poder de avaliar o que lhe é melhor, sente-se pequeno, frustrado, impotente, fracassado.

E, num determinado momento, a palavra que mais vem à sua mente é perdão. Nesse momento ele busca culpados e pergunta-se se perdoará ou não. Ele necessita descobrir onde existiu o erro e, se uma válvula lhe aponta alguém, vem o sentimento de revolta e o dedo apontado em riste, acusando o seu alvo da derrota que está enfrentando. Porém, se não consegue encontrar uma pessoa para descarregar a sua mágoa, a sua frustração, a sua derrota, imediatamente ele assume a culpa.

E se machuca, sofre, sente a dor de saber-se o culpado porque, é claro, ele encontrará muitas justificativas para culpar-se. O importante para ele, naquele momento de dor é encontrar um culpado para sentir a necessidade de questionar se perdoa ou não.

E esquece, rapidamente, que o perdão é amor. Que o perdão está contido no Amor e que foi isso que o Filho do Pai veio nos ensinar.

E olvida que os caminhos escolhidos não precisam ter, necessariamente, responsáveis pela escolha. E esquece mais! Esquece que o objetivo final será sempre aquele que foi traçado pelo Pai, e que só Ele tem o Poder de avaliar qual é o fardo que cada um pode carregar.

Ao longo da vida o homem se sente numa curva crescente, pois à medida que se dedica ao trabalho, à família e às suas responsabilidades, a realização pessoal e familiar vai sendo vista a olhos nus. Era um apenas, que se transformou num casal e depois numa família. E a família prolifera e vai se sentindo o prazer do dever cumprido.

Mas, é tão fácil assim manter essa curva numa linha sempre crescente? Que sabor teria a vida se não houvessem as barreiras, os abismos, as escaladas, os vôos? Como poderíamos avaliar o sabor do prazer da conquista? Não serão essas barreiras e abismos que nos fazem dar valor às escaladas e aos vôos?

Não terá sido o Pai que, precisando nos ensinar a avaliar melhor cada uma das benesses que conquistamos, nos dá um empurrãozinho para que escolhamos um caminho mais íngreme com a finalidade única de entendermos que não será preciso buscar culpados para nossas falhas e que é preciso conjugar o verbo Amar em toda sua essência, onde se encontra, com a mesma conotação de amar, o perdão?

Nada acontece por acaso! Muitas vezes cometemos erros inconscientemente. Tantas e tantas vezes só o tempo nos mostra o quanto pisamos em solo falso ao longo de um grande período, fazendo-nos acordar quando estamos quase à beira do abismo.

Pisamos nesse solo premeditadamente? Não! Ninguém, em sã consciência, no uso do seu juízo normal, erraria tão somente para prejudicar pessoas que ama e que são parte do seu coração, da sua vida.

Quantos e quantos erros cometemos por amor? Quantas vezes iludimos nossos filhos, mentindo, criando fantasias, fazendo-os acreditar em papai-noel, renas, coelhinho da páscoa, fadas, duendes? E quantas vezes os vimos chorar quando descobrem que isso tudo não existe? Choramos com eles sentindo-nos culpados pela mentira, pela ilusão que criamos na cabecinha e no coração deles.

E essas mesmas crianças, nossos filhos, não nos perdoam logo em seguida? Deixamos de ser seus heróis tão somente porque os fizemos acreditar nas histórias da carochinha? Não, eles nos perdoam incontinenti, porque nos amam e sabem, lá no seu íntimo, sem poder provar, que jamais faríamos alguma coisa propositadamente para que eles sofressem. O tempo vai mostrar-lhes que mentimos e criamos em nome do amor, do sorriso, da felicidade deles.

Quando o amor existe verdadeiramente num lar, ninguém poderá ser acusado ou punido por erros que não abriram os olhos de quem os cometia no momento que eram cometidos. Alguns são cometidos em nome do amor que se dá; outros, em nome do amor que se recebe.

E, em nome do amor, não se deve buscar culpados, mas, se em algum momento o seu coração não se sentir grande o suficiente para esquecer a palavra culpa, faça-o lembrar-se, imediatamente, que maior do que a culpa tem que ser o perdão, porque este é Amor.

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