É incrível como a grande imprensa brasileira comete equívocos históricos na abordagem de fatos políticos recentes. Na anistia concedida ao falecido ex-presidente João Goulart, apareceram inúmeras manchetes distorcidas, do tipo: “Fez-se justiça ao ex-presidente João Goulart apeado do poder pelos militares...” – “A revolução de 1964, feita pelos militares, derrubou o presidente Goulart...” – “Golpe Militar depôs Jango,,,”
A verdade histórica revela que a revolução de 64 foi produto da rebeldia do governador Magalhães Pinto, de Minas Gerais, que declarou o Estado sob seu governo, desligado da União e contou com a colaboração dos governadores Carlos Lacerda, do então Estado da Guanabara e do governador Ademar de Barros, de São Paulo, ferrenhos adversários políticos do então presidente. A participação das Forças Armadas deu-se apenas, quando as tropas, ainda obedientes ao presidente ameaçado, subiram a serra dos Órgãos para combaterem os revoltosos de Minas Gerais. Acabaram aderindo aos companheiros de Minas e admitiram a vitória dos mineiros.
O Sr. João Goulart fugiu para o Uruguai, por livre e espontânea vontade, alegando não querer “derramamento de sangue”, e o presidente do Congresso Nacional, senador Auro de Moura Andrade, declarou a vacância da Presidência do Brasil. Os políticos revolucionários vitoriosos reuniram-se e convidaram um militar legalista, general Humberto de Alencar Castelo Branco, então chefe do Estado-Maior do Exército, para assumir o cargo vago de Presidente da República e preparar a transição do Estado Brasileiro para a retomada da democracia.
Nada contra a anistia ao ex-presidente Goulart, ressalvadas as mentiras em contrário quanto à derrubada do poder pelos militares em 64, que acabaram levando a culpa de tudo de ruim que acontece neste país, por causa dos equívocos históricos.