A reforma (**) é, no meu entender, deplorável. O governo gastou mais de 700 milhoes de reais com livros didáticos que estão sendo entregues aos Estados. Tudo no português de antes da reforma ou acordo. Isso é uma irresponsabilidade para não dizer outra coisa.
Eu, por exemplo, estou editando um livro (Bem-querer) que está grafado consoante as regras anteriores. Solicitei à editora que ponha a data de 2008. Assim, tenho uma desculpa: foi antes... Embora haja dois anos para ajustes. Não concordo com o que se fez. Continuam exceções. Então simplificaram? Se o fizeram, por que elas permaneceram?
Tenho outro, já escrito (Fibra), em que vou seguir o acordo. Terei mais trabalho e a Editora também. Todavia, pretendo lançá-lo até junho.
Para os meus netos, ótimo. Vão começar alfabetização no ano que vem. E os que já estão alfabetizados? Vão aprender de novo?
Você sabe. Há municípios do Brasil, em que os professores fazem milagres. Agora têm de fazer mais um.
Sim, e você, o que acha desse acordo? Independetemente do que eu disse e penso.
Desculpe-me o desabafo.
Beijos, Benedito
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(*) Brasília, DF, 02/01/2009.
(**) Eis a reforma (Decreto legislativo 6583, 29/09/2008, vigente em 1º/01/2009,tendo período de adaptação até 2012):
Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
ALFABETO
Nova Regra
O alfabeto é agora formado por 26 letras.
Regra antiga
O "k", "w" e "y" não eram consideradas letras do nosso alfabeto.
Como será
Essas letras serão usadas em siglas, símbolos, nomes próprios, palavras estrangeiras e seus derivados. Exemplos: km, watt, Byron, byroniano.
TREMA
Nova Regra
Não existe mais o trema em língua portuguesa. Apenas em casos de nomes próprios e seus derivados, por exemplo: Müller, mülleriano.
para (verbo), pela (substantivo e verbo), pelo (substantivo), pera (substantivo), pera (substantivo), polo (substantivo).
Obs: o acento diferencial ainda permanece no verbo "poder" (3ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo: "pôde") e no verbo "pôr" para diferenciar da preposição "por".
Nova Regra
Não se acentua mais a letra "u" nas formas verbais rizotônicas, quando precedido de "g" ou "q" e antes de "e" ou "i" (gue, que, gui, qui).
Não se acentua mais "i" e "u" tônicos em paroxítonas quando precedidos de ditongo.
baiúca, boiúna, feiúra, feiúme.
Como será
baiuca, boiuna, feiura, feiume.
HÍFEN
Nova Regra
O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por "r" ou "s", sendo que essas devem ser dobradas.
Obs: em prefixos terminados por "r", permanece o hífen se a palavra seguinte for iniciada pela mesma letra: hiper-realista, hiper-requintado, hiper-requisitado, inter-racial, inter-regional, inter-relação, super-racional, super-realista, super-resistente etc.
Nova Regra
O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por outra vogal.
Obs 1: prefixo terminado com vogal + palavra iniciada com vogal diferente = não há hífen; prefixo terminado com vogal + palavra iniciada com mesma vogal há hífen.
Obs 2: uma exceção é o prefixo "co". Mesmo que a outra palavra se inicie com a vogal "o", não se utliza hífen.
Nova Regra
Não usamos mais hífen em compostos que, pelo uso, perdeu-se a noção de composição.
Obs: o uso do hífen permanece em palavras compostas que não contêm elemento de ligação e constiui unidade sintagmática e semântica, mantendo o acento próprio, bem como naquelas que designam espécies botânicas e zoológicas: ano-luz, azul-escuro, médico-cirurgião, conta-gotas, guarda-chuva, segunda-feira, tenente-coronel, beija-flor, couve-flor, erva-doce, mal-me-quer, bem-te-vi etc.
OBSERVAÇÕES GERAIS:
O uso do hífen permanece:
a) em palavras formadas por prefixos "ex", "vice", "soto". Exemplos: ex-marido, vice-presidente, sotó-mestre;
b) em palavras formadas por prefixos "circum" e "pan" + palavras iniciadas por: vogal, "m" ou "n". Exemplos: circum-adjacente, circum-meridiano, circum-navegação, pan-americano, pan-islâmico, pan-mares, pan-nutriente.
c) em palavras formadas com prefixos "pré", "pró" e "pós" + palavras que tem significado próprio. Exemplos: pré-natal, pró-desarmamento, pós-graduação;
d) em palavras formadas pelas palavras "além", "aquém", "recém", "sem". Exemplos: além-mar, além-fronteiras, aquém-oceano, recém-nascidos, recém-casados, sem-número, sem-teto.
NÃO EXISTE MAIS HÍFEN
em locuções de qualquer tipo (substantivas, adjetivas, pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais). Exemplos: cão de guarda, fim de semana, café com leite, pão de mel, sala de jantar, cartão de visita, cor de vinho, à vontade, abaixo de, acerca de etc.
Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à queima-roupa.