Ele se foi, ao que parece, num sábado. Escrevi, certa feita, a seu respeito, quando ele me disse que estava muito doente e que poderia partir numa semana, num mes ou num ano. Falava sempre do cancer na coluna, nas dores, no sofrimento. Mas, seguia em frente, leve, esguio, modesto e, de certo modo, conservando uma alegria contida no meio de todo aquela tristeza, por mais paradoxal que tal afirmativa pareça.
Soube do seu desaparecimento por meio da gerente da Caixa, que me relatou que ele, já desde alguns anos, pedia-lhe: você vai ao meu enterro. Ao que ela retrucava, conversa, rapaz, você não vai morrer. Ele respondia: claro, vou morrer, todo mundo vai morrer.
Elizete me falou que soube que ele estava ruinzinho, tendo falado para a filha dele que avisasse se o pior ocorresse, ocasião que a moça chorou copiosamente. Mas, o destino tramou para que o desejo dele náo fosse satisfeito: ele morreu num sábado e a gerente fora convidada para um passeio na serra, onde o celular não funcionava. Assim silente e leve, num sábado, ele partiu para a viagem se retorno. Meu saudoso amigo Adonardo foi ao encontro do Senhor.