Resolvi escrever uma carta sem destinatário, talvez uma imitação de girassol, direcionada para a luz que se irradia de tantas penas inspiradas que fazem a Usina.
Pois, na verdade, tenho andado longe daqui, presa de outras preocupações diuturnas, envolvido com outras facetas da existência, quiçá menos importantes para os literatos, mas, ainda assim, essencialmente humanas, como levar os netos para a Disney, pintar paredes, comprar material escolar, resolver aqueles inevitáveis problemas com bombeiros, marceneiros e, até mesmo, o consertador de fogões que veio reparar o forno que, segundo a doméstica, estava muito lerdo.
Pois é, isso tudo empurra a inspiração pelo ralo, deixa-nos com os pés firmes bem no chão.
Mas, não impede de a gente sentir saudade dos que aqui mourejam e versejam, deixando nas poesias, cartas, crônicas e contos, as maravilhosas imnpressões que o caleidoscópio da vida vai deixando nas suas retinas.
Então, como quem andou por muito longe e vem cansado, eu bato à porta e suspiro: cheguei!