Há um ditado que diz: de boas intenções o inferno está cheio.
O que pode ser constatado ao longo da história, em especial na Santa Inquisição, em que os prelados torturavam e queimavam os hereges na fogueira, na certeza de que estavam lhes proporcionando a salvação da alma e praticando um bem.
Em seu e-mail, cuja cópia recebi, o senhor afirma que:
"Sou ligado à teologia da libertação. Se quer falar de ética, fale de ética social, que é a ética verdadeira. Não sei o que voce defende, mas, tudo indica, defende o capitalismo, o
latifúndio e as multinacionais. Pois bem, estas três coisas são as causas principais da degeneração moral do Brasil. E corrompem parte da cúpula das Forças Armadas, a parte golpista, a soldo dos EUA. Covardia é beijar as mãos de bilionários, em vez de defender proletários
e gente em situações e condições de vida infra-humana."
O senhor censura práticas que eu também condeno. Mas para solucionarmos estes problemas, temos que ser racionais, práticos e objetivos. De nada adiantam sonhos e utopias, que não produzem frutos. De nada adianta construirmos castelos de areia.
Ou o senhor poderia me indicar em que região do mundo o comunismo deu certo?
Sou engenheiro e não tenho dúvidas de que, para construir uma edificação, é indispensável se usar os materiais adequados. Necessário, mas não suficiente, é claro!
Porém, onde poderíamos dispor de materiais humanos adequados para construir uma sociedade totalmente igualitária e comunal, como a das formigas e das abelhas? Eliminando aqueles que, segundo os critérios dos líderes marxistas, seriam prejudiciais a esta sociedade, como fizeram na Rússia, no Laos, em Cuba, na China e no Vietnã do Norte?
Para uma conclusão bastaria você considerar as palavras de Bakunin:
" Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Essa minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana ".