Camisinha agrava aids, diz Bento XVI
Papa reafirma oposição do Vaticano ao uso do preservativo para combater vírus da aids
Fabiana Leite
Em sua primeira viagem à África, onde concentram-se 75% das mortes por Aids no mundo, o papa Bento XVI reafirmou a oposição da Igreja ao uso de preservativos na luta contra a doença. Ao falar com jornalistas no avião, a caminho de Iaundé, capital de Camarões, o papa disse que a aids “não pode ser derrotada pela distribuição de preservativos. Pelo contrário, eles só aumentam o problema”. Segundo analistas vaticanos, foi a primeira vez que um chefe da Igreja Católica pronunciou em público a palavra “preservativos”; normalmente, fala-se em “contraceptivos”.
A Igreja prega que a fidelidade dentro do casamento heterossexual, a castidade e a abstinência são a melhor maneira de combate à aids. O papa pediu por um “comportamento correto em relação ao corpo” e disse que “a única solução” consiste em dois passos.
O primeiro seria “a humanização da sexualidade”, uma renovação “espiritual que traz consigo uma nova maneira de se comportar”; o segundo seria “uma verdadeira amizade, especialmente por aqueles que sofrem, um desejo de fazer sacrifícios pessoais”.
Polêmica
As declarações do pontífice chocam-se com estudos científicos que comprovam a ineficácia da estratégia de promoção da abstinência como forma de prevenir a aids. Um deles, o representante no Brasil do órgão das Nações Unidas para o combate à doença (Unaids), Pedro Chequer, classificou o discurso do papa Bento XVI como “genocida”.
‘Pregação genocida’
“É lamentável que após toda a luta da sociedade para o controle da aids tenhamos uma pregação genocida. Há seguimentos que só reconhecem os erros após cinco séculos, só que lidamos com um bem maior que é a vida e não podemos esperar cinco séculos” , afirmou Chequer.
Segundo dados da Unaids, 67% das pessoas que vivem com o HIV no mundo estão na África Subsaariana, um total de 22 milhões de pessoas. As Nações Unidas defendem o uso do preservativo como principal forma de combater a contaminação pelo HIV nas relações sexuais.
Segundo um painel de especialistas reunido pela Sadc, comunidade que reúne os países africanos com maior concentração da doença, estratégias para promover a abstinência até podem adiar o início da vida sexual dos jovens, mas não há impacto significativo no risco desta população ser infectada pelo HIV ao longo da vida. “A abstinência não é prática nem nos conventos do Vaticano” , afirmou Chequer.”
<http://www.jt.com.br/editorias/2009/03/18/int-1.94.6.20090318.1.1.xml> Quarta-feira, 18 março de 2009.
Há religiosos procurando amenizar as desastrosas palavras do chefe da igreja, com explicações como esta:
“Os jornais afirmaram que Bento XVI teria dito que “a camisinha agrava a aids”. Errado. O que o papa disse e tem repetido é que a verdadeira luta contra a aids passa pela “humanização da sexualidade”. A mera distribuição de preservativos é, segundo a Igreja, uma estratégia equivocada.” <http://www.usinadeletras.com.br:80/exibelotexto.php?cod=52218&cat=Artigos&vinda=S>
Mas é isso mesmo? Analisem a frase: “a aids ‘não pode ser derrotada pela distribuição de preservativos. Pelo contrário, eles só aumentam o problema’”.
Eles [os preservativos], só agravam o problema”.
E agora querem dizer que ele, o papa, não disse o que disse.
Os jornais não procederam com “o amadorismo, o despreparo e a falta de transparência da comunicação eclesiástica” como disse o tal “doutor em comunicação”, mas simplesmente informaram a preocupação do mundo com o grave impacto que podem ter as palavras de um homem considerado por boa parte do mundo como um representante divino.
Para ver que os preservativos, longe de agravarem o problema, são a melhor arma no combate à AIDS, clique AQUI