Hoje quero escrever para os meninos grandes, aqueles que náo renunciaram aos seus sonhos, prosseguem na vida adulta em busca de arco-iris, de saudades deixadas ao longo do caminho, de vultos perdidos nas brumas do tempo, de um moleque travesso que nunca sai das suas costas(tum-tum) e por vezes, quando a aridez da vida se mostra mais ostensiva, salta à nossa frente, saracoteia, salta e brinca para nos fazer sorrir.
Quero tratar daqueles que nutrem grande nostalgia pelas palmadas de antanho, pois elas eram o limite da ansiedade após o comentimento de uma travessura mais ousada; depois delas vinha a calmaria, uma quase bonança.
Não importa a idade, vale o pensamento engastado numa nesga do passado, num trecho de rua onde a meninada brincava de roda ao luar, passando o anel, dançando a ciranda, vozes queirdas da infância, o romantismo das tardes de domingo, sem televisão, sem computador, sem violência, pois a cidade era uma província mergulhada na pachorrenta rotina das coisas de antigamente.
Quero escrever para você, menino idoso, mas cujo coração se mantém jovem, olhos mergulhados na curva do horizonte, apascentando auroras e crepúsculos, achando boa a vida que leva, sem dor e sem inveja de ninguém.