Demorei a escrever, eu sei. Não é por minha culpa. É que a brisa da inspiração anda irritada comigo. Escondeu-se a sete chaves e nada de aparecer pelo estreito caminho de meus circuitos aloprados.

Ando em meio a uma bagunça sem precedentes, por conta de uma reforma que já virou “obra-de-igreja”, não dessas modernas, de linhas retilíneas e simples...
Mas das capelas milenares, dessas cujos rebuscos levavam séculos para ser concluídos.

Lu anda à beira de um entupimento das carótidas; vez por outra, vejo-o vermelho feito pimenta malagueta, resmungando com as paredes, ou podando todo galho que encontra pela frente. Minhas plantinhas – coitadas – estão quase carecas! Ainda bem... Já pensou se ele resolvesse podar minha cara? Sim... Sou a culpada disso tudo, por ter inventado essa reforma maluca.

Mas isso não é o pior, Biazita... Pois eu... Sim: EU! Acho que estou pirando de vez; nem sei mais por onde posso andar. Sem espaço nenhum dentro de casa, estou praticamente morando no quintal; mais precisamente na churrasqueira. Imagine! Cozinhando num fogãozinho de acampamento e comendo “fora” todos os dias, desde o café da amanhã até o lanche da meia-noite, aquele do chá com um fio de mel...

Bem...
Agora que já te coloquei a par de minha drástica situação, quero te dizer que também sou fã-de-carteirinha do Fagundes, desde o tempo de magricela (ele e eu), numa novela antiga da qual nem me lembro o nome. Acho que eu era um bebê naquela época. Mas que já ficava meio que atordoada com uns olhos assim, sapecas, feito os dele, ah! se ficava... Cá pra nós, ele tem uma expressão dessas "de rapadura quando derrete na boca da gente", não acha, amiga?

Já estou tonta de sono. Ouvi som de makita o dia inteiro; acho até que meus tímpanos saíram por aí e não sabem o caminho de volta. Acho que meu cérebro saiu do lugar e os neurônios ficaram acabrunhados.

Como se tudo isso não bastasse, menina, eu, simplesmente, me esqueci de ir à escola hoje. E era meu dia cheio... Fazer o quê, se nem consigo achar o caminho do portão da frente?!

Cruzzzzzzzzzz-Credu, Bia!!!!!!

Mas as coisas vão se acomodar. E, quem sabe, no ano da COPA, eu consiga alugar minha casa, já reformada, e volto a me acomodar na churrasqueira? Acho que já me acostumei, vou sentir falta, juro!

Tenho o grande prazer de apresentar Bia Cruz, com a expressão tão magistral que não deixa dúvida da nobreza da exímia mestra, do Liceu... Foto publicada com autorização...

Não me importa
o que os outros possam pensar de mim,
porque o que REALMENTE sou
não vai mudar, a despeito de qualquer juízo...