Aí, um desses mentecaptos que me detestam, mas que não arredam pé daqui — incrível: ele me escreve todo dia, várias vezes por dia, para dizer o quanto me detesta e quão irrelevante eu sou… — manda-me um tantinho de sua baba hidrófoba: “Você apoiaria um golpe também no Brasil, né, seu…”
Ah, não apoiaria, não! No Brasil, eu não apóio homens. Apóio a Constituição. Digamos que Lula ou qualquer outro queiram jogá-la no lixo, como fez Zelaya; digamos que os outros Poderes da República reajam, mas que o governante de turno decida ignorá-los, ameaçando com um princípio de confronto civil, digamos tudo isso…
Então o que fará este terrível Tio Rei, disposto a apoiar sempre as coisas mais exóticas? Bem, vou evocar o artigo 142 da Constituição com a maior serenidade, sem sofrimento, sem hesitação, em nome da civilidade. E recomendo a esses mequetrefes que o leiam. E lá está escrito para quem sabe ler, no “CAPÍTULO II – DAS FORÇAS ARMADAS”:
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
É preciso que eu explique o que quer dizer “POR INICIATIVA DE QUALQUER DESTES”? É? Então explico.
Por iniciativa também do Legislativo e do Judiciário, as Forças Armadas podem ser chamadas a garantir “a lei e a ordem” se elas estiverem sendo violadas — e ninguém pode violá-las, nem o presidente da República.
O presidente é o comandante-em-chefe das Forças Armadas NA GARANTIA DA CONSTITUIÇÃO, NÃO CONTRA ELA.
Acreditem: assim é em todas as democracias do mundo.
Convenham: agora tive de desenhar! Percebeu, desafeto apaixonado? Se não conseguir entender o desenho, tente engoli-lo. Quem sabe o estômago processe o que o cérebro não alcança, de sorte que o resultado final do processo enzimático seja superior àquilo que você envia em comentários.
Honduras não é metáfora sobre o Brasil. Se fosse, conviria ler a Constituição.