Os poderes da República de Honduras – Legislativo e Judiciário –, interpretando a Constituição, concluíram que o Executivo a feriu gravemente, obrigando-os a agir em sua defesa (e, em última instância, na do povo) com os remédios nela contidos. Equivocados são o pensamento e o método latino-americanos de burlar a ordem jurídica a fim de prolongar o mandato de aprendizes de ditador, contrariando o princípio democrático da alternância no poder. Nesse sentido, entendemos que os poderes daquela República devem convocar eleição para a Presidência e manter as sanções previstas ao destituído. Lamentamos profundamente a condição em que foi posta a população hondurenha, mas isso deve servir de marco aos povos e mandatários menos acostumados ao regime democrático. E que saibam estes que não são imprescindíveis, ou insubstituíveis, mas, por assim pensarem, totalmente descartáveis ("Ao vencedor, as bananas", 8 de julho).
Carlos Alberto Ferreira Dias
Rio de Janeiro, RJ
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Repentinamente, a disposição para o diálogo que vinha justificando a aproximação com ditaduras desapareceu. Os princípios de não interferência evaporaram. Um avião da FAB rapidamente foi posto a serviço da agenda bolivariana e levou o presidente da OEA para intimidar o governo provisório da pequena Honduras. Pequenos golpes vinham sendo perpetrados contra a democracia do continente dia após dia e impunemente. A pequena e brava Honduras veio lembrar que não se pode usar o voto popular para passar por cima das instituições. E acendeu uma luz amarela no projeto totalitário de muita gente. Hoje tenho certa inveja de Honduras. Os bananeiros somos nós.
Antonio Cavalcanti da Matta Ribeiro
Guarulhos, SP
Obs.: Da seção "Leitor", revista Veja de 15/7/2009 (F. Maier).