A voz grave e pausada da amiga, ao telefone, antecipava à minha mulher que o desenlace havia ocorrido: o querido amigo iniciara a grande viagem em direção ao Criador, encerrando nesta terra uma existência pontilhada de fatos marcantes e, nos ultimos anos, marcada por uma luta titânica contra a doença.
Da última vez que nos vimos, em Brasília, ficou a impressão de que tudo ia bem, pois havia nele aquela energia positiva, o bom humor, a conversa franca e recheada de recordações de sua vida de magistrado na Colenda Corte. Jantamos em sua residência, Alice, Elzy, ele e eu, num clima de descontração e amizade.
É, querida Elzy, o seu velho companheiro de caminhada, o Santos, como você gostava de chama-lo, recebeu o convite irrecusável para se desprender desta nossa gaiola redonda e maltratada pelos homens e foi conversar com o Senhor, contar para ele as suas proezas, enfim, ficar ao lado d`Ele.
Do amigo que partiu trazemos um número bastante alentado de boas recordações: a presença prestigiando a nossa posse na presidência da Corte Regional; a ajuda inestimável quando perdemos, por extravio, três volumes de nossa bagagem ao regressarmos dos Estados Unidos; uma carona gentil lá em Brasília, afinal, foram tantos gestos de carinho e de amizade, que seria necessário escrever linhas e mais linhas.
De propósito, deixei de referir as suas sustentações na tribuna do TST, falando sempre em tom coloquial, sem rebuscamentos de linguagem, simples e objetivo, mas tudo enquadrado no contexto da matéria questionada.
Era assim, em linhas apressadas e perpassadas pela emoção, o Ministro Ursulino Santos Filho, amazonense de rara cepa, amigo daqueles que a gente irremediavelmente chora ao ver partir.
Queremos, nesta hora de dor, enviar nossas condolencias à família enlutada e o nosso abraço de profundo pesar para Elzy.