Carta Aberta ao General Enzo
Por Ilo Francisco M. de Barros Barreto
Exmo. Sr. Gen. Enzo, Comandante do Exército. Com sua concordância leniente transmudada em ordem, as paredes sacrossantas (porque fiadoras, anos após anos, das decências, das purezas e dos respeitos devidos à Pátria Brasileira) da nossa Academia Militar das Agulhas Negras passam a ostentar uma placa cujos dizeres espúrios são ditados apenas pelo ranço político-partidário.
Fique Vossa Excelência obediente à sua consciência político-partidária e mantenedora das regalias do cargo de comandante de Exército, tão imprescindíveis à senectude; eu, mais idoso do que V. Exa., fico com a memória sem placas da Casa que me forjou a profissão, limpa, incólume, reverente, intimorata.
Não voltarei a ver essa Casa porque V. Exa., num rabisco de ordem que não pode sujar a memória dela, sujou o seu tempo, sua parede, o piso, o riso moço, o denodo distendido, a continência rija, o ideal verde-oliva vincado nas marchas do cotidiano.
V. Exa. passará: o seu desamor, não!
Ilo Francisco M. de Barros Barreto - Artilharia - AMAN / 52.
Comentários:
Infelizmente, não conheço o Cel Ilo. Não obstante, quero expressar minha total concordância à sua Carta Aberta ao Cmt do Exército. Creio que ainda vigora (ou deveria vigorar) a recomendação de que ordem errada não se executa e, creio, isso não diz respeito apenas à Ordem Unida mas a toda e qualquer ordem que fira a conduta militar. Afinal, é um absurdo acatar-se ordem (igualmente absurda) de uma organização internacional sobre assunto interna corporis a qual, além de pretender imiscuir-se na formação dos Cadetes, põe em dúvida a Justiça Militar. A pouco e pouco, os atuais governantes vão erodindo os princípios que regem a vida militar e, assim, de pouco valor tem a aquisição de material bélico moderno para qualquer das Forças. Breve, seremos Guarda Pretoriana em lugar de Forças Armadas e, se e quando tal desastre acontecer, deixaremos de ser uma Nação e nos tornaremos em um abjeto Protetorado do estrangeiro mais forte.
Meus cumprimentos, Coronel Ilo.
Osmar José de Barros Ribeiro
Infantaria/AMAN/55
Prezado Cel Ilo,
Esta mensagem expressa fielmente o que todos sentimos e acreditamos. Felizmente, parece que nem tudo está perdido. Receba meu apoio decidido. A semente plantada é muito forte e voltará a germinar, pois ela é única verdade em que acreditamos.
De um ex-comandado e grande admirador,
José Rômulo Macedo de Figueiredo