As seguintes linhas do excelente livro 'A Opção pela Espada', do ex-tenente da FAB Pedro Marangoni, que lutou como aviador, infante, artilheiro e cavalariano em Angola e Moçambique, levam-me à reflexão:
"A REVOLUÇÃO
25 de abril de 1974!
Revolução em Portugal; os famigerados "cravos vermelhos". O
resultado da covardia de jovens oficiais portugueses, ingênuos
úteis nas mãos dos marxistas. Capitães que seriam chamados muito
apropriadamente pelo poeta Joaquim Paços d'Arcos de ufanos da
derrota, herdeiros anões de Aljubarrota, bastardos d'uma raça de
heróis !...
Marcelo Caetano e Américo Thomaz são depostos; os agentes da
DGS, presos. Começa a dissolução do Império Português, vendido
à Moscou."
Por que essas linhas me levaram à reflexão?
Houve evidências de inspiração marxista no movimento revolucionário denominado Revolução dos Cravos, que em 25 de abril de 1974, liderado por uma facção anti-salazarista, assumiu, sob o comando de capitães do Exército, o governo do país. A senha para a eclosão do movimento foi a música Grândola, Vila Morena, então proibida pelo governo salazarista de direita de Marcelo Caetano, sucessor de Salazar, falecido em 1970. A música foi transmitida pela Rádio Clube Português, aos 20 minutos do dia 25, como sinal para confirmar o início da revolução. Sob o comando de capitães, as tropas ocuparam pontos vitais. Marcelo Caetano se asilou no Brasil, sendo acolhido pelo professor Gama Filho, que lhe deu emprego na sua universidade. Muitos agentes da DGS, passando por dificuldades, também aqui se exilaram.
Diz a letra da música:
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena
Á sombra duma azinheira
Que já não sabia sua idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
Á sombra duma azinheira
Que já não sabia sua idade
Recentemente, em fevereiro e março de 2013, Grândola, Vila Morena, vem sendo cantada por ativistas portugueses e espanhóis em protesto contra a política de austeridade econômica de seus governos e suas implicações nos recordes de desemprego.
Digamos que o ex-tenente da FAB Pedro Marangoni estava certo quando identificou no movimento dos capitães portugueses ingenuidade a reboque de ativistas marxistas.
Em outras palavras, digamos que jovens oficiais possam se deixar impregnar por falsas premissas, pelo canto das sereias que falam de igualdade, que exaltam a palavra de ordem "o povo é quem mais ordena", tão do agrado do recado marxista, que faz do apelo à igualdade elemento fenomenológico capaz de induzir a um conflito de consciência. O jovem, por si só, dotado de idealismo com forte componente emocional, é capaz de intuir erradamente qual é o real conceito de justiça social: em cada esquina um amigo, em cada rosto igualdade, Brasil terra morena, terra da fraternidade...
Refletindo:
Esses jovens capitães e tenentes, exatamente os que têm a tropa na mão, estão, no Brasil, imunes a essa descomunal propaganda movida pela esquerda raivosa contra os bravos oficiais que em 1964 e nos anos subsequentes defenderam a democracia, com os meios de que dispunham, evitando que o país se tornasse uma segunda Cuba?
Se os seus comandantes não defendem as FFAA, se não saem do conforto propiciado pela indevida prestatividade às pessoas que detém a chave do mando político, como se sentem os jovens oficiais bombardeados noite e dia por falsas acusações contra elas?
Eles podem, a exemplo dos jovens oficiais portugueses de 1974, se tornar ingênuos úteis nas mãos dos comunistas que detém as rédeas do poder no Brasil?
Lúcio Wandeck
Velho oficial