Usina de Letras

Você que sai às ruas para protestar contra a corrupção e os maus políticos já parou para pensar um pouquinho que talvez você não esteja agindo com coerência? Que você está exigindo do outro aquilo que talvez você mesmo não pratica no dia a dia? Digo isso porque nossas instituições são um reflexo de nossa sociedade e na maioria das vezes os políticos agem da mesma forma que age o seu povo. Claro que o dever de nossos representantes é zelar pelas nossas instituições, uma vez que foram eleitos para isso e portanto têm uma responsabilidade bem maior do que o cidadão comum, mas na prática a coisa não funciona assim. E por que não? Por nossa culpa. Nossa mesmo, do cidadão e eleitor. Primeiro, porque não somos honestos com nós mesmos. Muitas vezes pregamos uma coisa e fazemos exatamente o oposto. Quer um exemplo? Qual de nós não deixa escapar a oportunidade de levar vantagem sobre outrem mesmo num ato aparentemente inocente, como furar uma fila no supermercado e no trânsito ou avançar um sinal vermelho? Mas quando alguém faz isso ficamos indignados. E devemos nos indignar mesmo, desde que não cometamos o mesmo ato. Em segundo lugar, porque somos maus eleitores. Trocamos nossos votos por pouca coisa, como a promessa de um favor, por amizade com alguém muito próximo, ou pior ainda: por promessa de dinheiro ou cargo. Então eu te pergunto: o que você pode esperar de um político que sujeita a isso? Se antes mesmo de ser eleito foi corrompido por você, eleitor? O candidato que é eleito por um eleitor desonesto será consequentemente um representante desonesto e não se sentirá na obrigação de representá-lo. Assim, vá para as ruas e proteste contra a corrupção e a falta de ética na política, mas seja antes de tudo ético consigo mesmo e exija de você mesmo tudo aquilo que você está exigindo dos nossos governantes. E se por acaso você não conseguir, hoje, mais decência dos políticos, pode ter certeza que só o fato de você ser mais decente consigo mesmo já estará plantando a semente de um país mais decente no futuro. Pense nisso!