O sonho do sistema é que sejamos todos convertidos em máquinas.E que nosso sangue se transforme na graxa que lubrifica suas enormes e famintas engrenagens.Por causa da dor, para o escravo que recebe o açoite, não importa mais quem é o dono do chicote.A sociedade valoriza quem é esperto, não quem é inteligente.Prefere os que encontram vantagens ao invés de reconhecer os que descobrem soluções.Eles nos querem fotocópias, vivendo a base de prestações, como manequins usando uniformes, produção em série de fantoches que se olham mas não se tocam, todos sedados e sem raciocínio analítico, porque o mundo adora os que só dizem sim e repudia os que questionam. Querem bonecos articulados que adoram descartáveis, o sistema, através das coisas que fabrica para não durar, inventou uma imitação de felicidade tão parecida com a original, que mesmo sabendo que somos enganados, aceitamos esse plágio só para aliviar a angústia que é viver afogado nesses tempos líquidos.