"Hoje, mais uma vez, me detive na janela do meu quarto e abri a cortina de um passado não muito distante, mas longínquo.
E vi minhas meninas brincando na Alameda, correndo com outras crianças, jogando voley, dançando, pulando amarelinha, patinando, gargalhando e até chorando, chamando por mim porque a amiguinha não queria mais ser sua amiga, ou porque tinha caído, ou porque a outra não queria brincar da mesma brincadeira que ela queria.
E o presente se misturava ao passado através de uma linda borboleta amarela que contornava a ameixeira na frente da garagem me mostrando que a árvore está cheia de ameixas, amarelinhas também, como a borboleta. E vi a Aninha pulando a janela, subindo no telhado da garagem e colhendo as ameixas.
E vi minhas princesas voando, abraçando a vida, o mundo, os seus sonhos, as suas loucuras, os propósitos de suas vidas, os grandes objetivos que já deixaram de ser sonhos e se tornaram realidade.
E senti que a saudade pode machucar, pode doer, pode arrancar lágrimas e sorrisos, por alguns segundos ou longas horas, mas que ela é tão importante quanto o ar que respiramos, pois só podemos senti-la se tivermos pessoas, situações, momentos e sentimentos que nos foram ou são dignos de gratidão, porque foram ou são extremamente importantes para nós, porque foram ou são bênçãos que nos são concedidas por Deus, transformando nossa vida, iluminando nossos caminhos, arrancando de dentro da gente o melhor que temos, o melhor que conquistamos, o melhor de nós.
E me lembrei que já disseram também que as borboletas podem ser anjos alados que se aproximam de nós quando têm alguma mensagem para nos transmitir. Que podem simbolizar a nossa própria vida espiritual, que vai se transformando desde o nascimento numa evolução abençoada até que se possa alçar voo. E que a aproximação de uma borboleta pode significar mudança próxima ou massagem no nosso coração, nos alegrando e nos mostrando que a felicidade está nas coisas mais simples desta vida, deste mundo, porque a simplicidade é Criação Divina e nós complicamos tudo!
E como se não bastasse o cenário desta tarde, visto da minha janela, sob um céu azul cheio de nuvens brancas, onde o presente e o passado se misturavam, mais uma vez voltei lá atrás, graças a Almir Sater e Renato Teixeira que após me fazerem vibrar ao som de Tocando em Frente, me permitiram ver a Deinha, com cabelinhos curtos e muito loiros, de pé ao lado da mesa ao centro da sala, cantando, do alto dos seus quase 3 aninhos: “Sou caipiia “piapoia”, Senhora de Aparecida...”
Ah, meu Deus! Que Dia abençoado! Um dia de muitas saudades, muitas lembranças, muita gratidão por ter a certeza de que sou e sempre fui muito feliz, porque tenho o que lembrar, de quem lembrar, por ter saudade, de ter do que ter saudade...
Obrigada, Senhor!