Ter avó... hoje sou avó, mas também já fui neta...
(Ivone Carvalho)
É incrível como a figura da avó é tão marcante na vida da gente! Como a grande maioria das pessoas, eu também tive duas avós que marcaram minha vida de uma forma muito, mas muito importante!
Com a vovó Antonia (vovó Toninha) não tive tanto tempo de convivência, já que ela sempre morou em Minas Gerais, onde nasceu meu pai.
Mas me lembro tanto e de tantas situações vividas com ela nas pouquíssimas vezes que estive lá quando criança e uma vez mais já adolescente. E, claro, do período de um ano em que ela veio para São Paulo e morou conosco, quando eu tinha 7 anos de idade.
Ah, eu tenho sim o que contar sobre ela e nossa convivência, porque ela foi uma pessoa linda (e brava também) que muito me ensinou e que foi super importante pra mim.
Mas hoje, em especial, neste 13 de setembro, eu vou falar mais é da vovó Laura, minha avó materna que foi, indiscutivelmente, uma das pessoas que mais marcaram a minha vida.
Vovó Laura foi minha madrinha de batismo. Minha mãe ganhou o seu nome também, lindo por sinal. Laura! E foi ela quem sugeriu o meu nome. Ela sugeriu 3 nomes: Ivone, Helena e Odete. E mamãe optou por Ivone! Era assim que funcionava: vovó sempre escolhia ou sugeria para escolha o nome do primeiro filho de cada um dos seus filhos. Diga-se de passagem, Ivone tinha sido o nome de uma de suas filhas que não cheguei a conhecer.
Ela teve 17 filhos! Mas eu só conheci 8 deles. Os outros não viveram tempo suficiente para que eu os conhecesse. E teve muitos netos, primos que sempre amei ainda que o tempo nos afastasse por motivos que a vida se encarrega de criar.
Quando eu era criança, morávamos na Vila Maria. Nossas casas eram mais ou menos próximas e com isso nos víamos com muita frequência. Dormi inúmeras vezes em sua casa (não tanto quanto queria, mas muito mais do que minha mãe gostaria, já que nunca tivemos hábito de dormir fora de casa).
No final da minha infância, ela se mudou para São Miguel e nós para a Vila Medeiros e então foi ela quem passou a vir nos ver e ficar conosco sempre mais de um dia, porque o transporte, naquela época, era muito pior do que hoje e seria até loucura ela ir até lá e voltar no mesmo dia.
A chegada da vovó Laura em casa era motivo de festa. Eu queria sempre mostrar tudo para ela, contar todas as novidades, ver seus olhinhos brilhando de admiração quando eu falava sobre os meus estudos, o meu trabalho, o meu namoro, as minhas conquistas, os meus amigos, os meus sonhos.
Vovó Laura era imprescindível na minha vida! Tudo que eu comprava era para ela que eu queria mostrar logo. Tudo que eu decidia, contava os minutos para contar para ela.
E ouvia seus conselhos, suas histórias, aprendia as suas orações, imaginava as situações que ela contava com uma característica toda sua, ria das piadas e anedotas que adorava contar. Tinha os cabelos longos e eu gostava muito de vê-la se penteando.
Chegava em casa sempre com uma sacolinha na mão. Foi ela quem me ensinou a fazer crochê. E vocês não imaginam o orgulho dela ao ver os meus trabalhos! Tenho até hoje muitas peças feitas por ela!
Seu maior sonho era ver o meu casamento. Fui mostrando a ela, à medida que ia comprando, tudo que se destinava à minha nova casa, desde o enxoval até os móveis e tudo o mais. Ela sorria, adorava ver, fazia perguntas, vibrava junto comigo.
Mas, por ironia do destino, ou melhor, pela vontade de Deus, ela adoeceu no dia em que marquei, na igreja, a data do casamento e, na mesma semana, ela desencarnou (segurando a minha mão). Eu dizia que ela iria ficar boa e me veria na igreja como ela sempre sonhou. E ela afirmou que estaria sim. Até me pediu para confirmar a data (que seria quase 4 meses depois)!
E esteve. Eu a vi. Vi seu sorriso de aprovação, vi seu corpo novamente. Vi a felicidade em seu rosto. E me senti o ser mais privilegiado deste mundo! E senti uma felicidade duplicada, porque além de estar me casando, ainda tinha a certeza de que vovó esteve presente.
E durante muitos e muitos anos eu senti a sua presença ao meu lado, ouvi sua voz chamando o meu nome, sentindo sempre uma paz imensa com ela por perto.
Tenho uma saudade imensa daquela velhinha que foi uma guerreira, que me deu a minha mãezinha, que me deu uma família encantadora e que me deu uma felicidade ímpar.
Neste 13 de setembro comemoro 121 anos do seu nascimento. São 48 anos sem vê-la fisicamente, mas, por incrível que pareça, há fotos minhas de cabelo preso em que a vejo, tamanha a semelhança.
Saudades eternas, vovó! Um dia estaremos juntas novamente e então nosso abraço cheio de carinho e amor será compensador por todos esses anos sem a sua presença material.
Sua bênção, vovó! Muito amor, para sempre! Paz e muita Luz, onde a senhora estiver!
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