Por favor, não me entendam errado, mas insisto na pergunta: por que dia 08 de março é o dia internacional da mulher? Dia 07 de fevereiro não é? E dia 09 de setembro? E por que não o dia 26 de dezembro? Será que ainda existe alguém que não percebeu que a eleição de uma data serve para minorias que procuram seus espaços ou vidas em processo de extinção?
Embora saibamos que muita injustiça ainda é feita em termos de valorização profissional e salarial, e que muita violência ainda é sofrida gratuitamente, quantas batalhas já não foram vencidas nessa guerra? E isso sem contar que muitas vezes o expediente é duplo: 8 a 10 horas no trabalho e outras tantas em casa, cuidando dos filhos e do marido, o eterno dependente.
Mas não quero fazer deste texto um longo tratado defensor do papel da mulher no mundo de hoje. Dêem uma olhada apenas na lista de autores deste site. Dá para dizer que as mulheres são minoria? O Brasil, que tradicionalmente possui uma lista discreta de poetizas e romancistas, descobre, aos poucos, que grande parte do seu presente e do seu futuro literário está na cabeça e nos dedos dessas mulheres que sempre foram fortes e maravilhosas, mas que por muito tempo não tiveram chance de se mostrar.
Parabéns a vocês, mulheres, pelo 08 de março, 17 de abril, 13 de outubro e pelos outros 362 dias de cada ano em que se destacam em todas as frentes. E, em especial, parabéns às escritoras que fazem parte do Usina de Letras. Sei que muitas não gostam de ser chamadas de poetizas e preferem ser chamadas de poetas. Eu, particularmente, prefiro chamá-las de poesia. Toda mulher, independente do que faça, pela força, pela inteligência e pela sensibilidade é pura poesia. Se, além disso, ainda escrever, e bem, que importa o nome que se dê a isso?
