Quem era que me olhava como quem dizia me amar, sem sequer uma palavra pronunciar, quem estava na mesa e me fazia sorrir com cada cruzada de pernas, dentro do carro, parada, ou correndo, de pé quebrado, deitada no meu colo, contando estrelas, cantarolando, ouvindo a mesma música tantas vezes, esperando amanhecer para poder roubar um beijo? Quem é aquela da risada escandalosamente gostosa, quem é que me faz tremer? Você me disse que não era você quem ficou aquela noite comigo, que eu poderia ter percebido, juro que não, até me assustei. Com quem fiquei? Parecia claro, parecia que pela primeira vez fizemos algo pensando apenas no que sentimos esquecendo-nos um pouco do mundo lá fora. Parecia que por um instante o mundo pertencia a gente, e a gente poderia dar formas, cores, cheiros a todo ele, da maneira que quiséssemos. Parecia que você me amava, ou havia me amado naquele breve instante e que não era apenas mais uma noite. Parecia que naquele momento tudo havia sido leve demais, porque deixamos a consciência dentro do carro. Nem se preocupe em tentar me explicar, porque não busco entender, sei o que senti, e se pedir bis for permitido, procure aquela pessoa, aquela mesmo que esteve comigo, e diga para voltar, a espero de braços abertos. E não esqueça de dizer, que é por ela que sou encantado. Prazer em lhe conhecer.