Nem sei ao certo qual foi a pergunta, mas a resposta, como todas as outras na vida, é não.
Não se é poeta, nem se torna ou se nasce. O poeta faz a vida em sua poesia e não em seus belos livros publicados em capas que imitam couro. Então o que seria o poeta? Uma coisa impensável. Algo entre a vida e o nada absoluto que antagonicamente preenche a alma. Ser poeta é não ser um filósofo, ter todas as respostas de uma maneira simples e prática e, ao mesmo tempo, não saber de nada e complicar tudo de uma maneira bastante teórica (mito da métrica e do metro).
Mas existem os pó-etas. Esses peitoral de ouro e de pés de barro que ainda pensam ser ótimos em seus versos, atuais em suas estâncias e detentores da régua divina da métrica... bem, esses pouco importam. Suas vidas são tão duras. Colocar verso sobre verso para encontrar a rima perfeita. Contam com o ábaco da paciência cada som de 10, de 7, de 5 ou de 12. Perdem tempo e fazem maravilhas tão vazias.
Mas existem os inexistentes. Poetas que buscam sentimentos. Trabalham seus textos com sentimento. Metrificam com sentimento. Esses sempre erram, mas é nesta ironia que se encontra o poeta. Ao buscar livrar-se do belo que os aprisiona o poeta encontra seu limite e, se é poeta, ultrapassa. Mata a ubris e cai no erro (a poesia).
Errar é burlar a regra. Escrever poesia é quebrar todas as regras. A língua é tão presa, tão cheia de regras e a poesia é a libertação desta regra. A poesia é a liberdade e o poeta é o que não pode ser, homem livre.