----- Um, sabe da vida quanto ela morde, seja de dentes marfínicos ou de cárie extrema. Outro, sabe quanto a vida pode morder, ainda que a cadela tenha aparência muito meiguinha. Feitas as contas, sobra-lhes o futuro pleno que aí vem, não se sabe donde, mas vem.
----- Vem?!
----- Pois, vem. Os próximos cinco anos? Os próximos dez ou quinze?! Os próximos vinte?! Arre... Pedi à vida, cerca dos trinta, que me conservasse até aos cinquenta! Naquele momento tinha uma meta muitíssimo importamte para alcançar, tão importante, que nem sonho era. Já devo de suplemento ao pedido consciente, depois de alcançá-lo, mais de treze. Por isso não tenho cara para pedir à vida absolutamente mais nada. O que vier...
----- Gostava, ai se gostava, de encontrar uma dada Pessoa e dar-lhe pelo menos um abraço, passar-lhe o olhar no rosto, acariciar-lhe as mãos e ler-lhe a mensagem da alma, sentindo-lhe o carisma que a vida porventura lhe terá dado na luz dos olhos. Só... Sem mais.
----- Exposta a essência, eis a conclusão:
----- Por mais que ao tempo antecipadamente se coloque medida não há meio de contornar-lhe a sequência: o tempo é uma dádiva do acaso!
----- E o acaso o que é que é?
----- É exactamente aquilo que pensamos que não é acaso e que constantemente nos iludimos a testar.
Atrás ou à frente é uma ilusão.
----- Cerca de 1968 escrevi um fado para o Nuno de Aguiar, em acetato de 45 rpm. Título:
----- VIVER É SÓ AGORA ÚNICAMENTE!
----- Os meus dois Amigos entenderam-me perfeitamente. Siga o processo...
