Eu preciso te contar. Aliás, confessar. Admitir. Eu não consigo ignorá-lo. Volta e meia ele está lá, zomba de mim e aponta minha fragilidade. É o pior dos sentimentos. Corrompe a razão. E essa então passa a se travestir de emoção. Não sei explicar sua origem. Mas sei que encomoda, não me deixa esquecer. Me maltrata, diminui. Desperta coisas ruins. Tem um gosto amargo, e turva as águas da visão.
E pensa que ele é sozinho? Ledo engano! É íntimo do egoísmo e inimigo mortal da vaidade, minha grande companheira. Está sempre açoitando minha indecisa segurança e só me oferece como apoio o egoísmo. E com ele eu tento te sufocar. Você, que nem é meu! E que não quero dividir com niguém. Você que eu perdi pra sempre. Você que não me prioriza mais. Você que eu descobri que amo tanto. Você que me deixou com ele e com lembranças do que poderíamos ter sido.