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Cartas-->Provérbio Italiano - Anahi Guedes para Mim -- 21/07/2002 - 05:55 (Cristiana de Barcellos Passinato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"O que foi duro de sofrer, é doce de recordar".

Provérbio italiano.

Um beijo enorme no coração,

Anahi.


Anahi Guedes de Mello
LAPOGE-BEG-UFSC
anahigeddes@uol.com.br
anahi@qmc.ufsc.br
ICQ 99311447
Web Site:
www.geocities.com/flordepessegueiro
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Em dia com o coração.
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"O que não criei, não posso entender".
(Richard P. Feynman)
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----- Original Message -----
From: Crispassinato
To: dreamlista@yahoogrupos.com.br
Sent: Friday, July 19, 2002 3:00 AM
Subject: Uma Breve Lembrança - Depoimento Crônica e Pensamentos de uma Aprendiz de Poeta



Uma Breve Lembrança
Cris Passinato
Julho / 2002
Rio de Janeiro

Engraçada essa sensação que sinto que meu passado ainda não passou e que ele vive a cada suspiro, e cada música, canto de minha casa, sala, quarto, cozinha.
São mesclados sonhos, cheiros, gostos, sons, sentimentos de saudosismo que parece pieguisse, mas é a mais profunda melancolia de ver o que se transformou o meu mundo.
Meu mundinho que não passa das paredes de meu quarto.
Ele foi se estreitando, se delimitando, pois não cabe mais tanta coisa.
Muitos livros, CD´s, uma parafernalha de computação e eletrônicos, enfim, tanta tecnologia e nostalgia, que me fazem chorar de saudade dos meus tempos de gravador de mão e da vitrolinha que tocava com o auto-falante o disquinho de vinil single das Patotinhas patinando na capa e vendo a Eliana ainda adolescente com cara de menina boba e não aquela apresentadora que parece uma Barbie, que também surgiu nessa época e foi sensação, sim porque antes dessa, eu tive várias Susis, alguém se lembra?
Li outro dia um e-mail sobre lembrar de determinadas coisas, e com as fotos, nossa foi um chororô desgramado...
Isso porque vocês não podem nem imaginar, vocês não tem a menor noção de minhas brincadeiras na escola, e os problemas que atravessava de adaptação e dos colegas me entenderem...
Eu peguei do bambolê, elástico, io-iô da coca-cola, aquelas coleções de garrafinhas de coca pequeninas, estava lançando a Sprite, meu Deus, como o tempo passou. Gostava muito do Genius, tinha pavor de uma mão verde do Hulk, alguém se lembra dele? E um gancho vermelho.
E os jogos da Grow?
Nossa, aqueles play mobil e casinhas de madeira que montava e fazia uma cidade, porque ainda não havia chegado o Lego na minha época.
Enfim, bebia no intervalo, no Recreio mesmo das aulas, um Ola Ola, sabe aquela mistura de todos os refrigerantes de máquina juntos e um misto ou cheese-burguer...
Jesus amado, como o tempo voa, ainda ontem eu saia para as festas de 15 anos.
Ainda ontem, eu dei o primeiro beijo que odiei...
Ainda ontem, passei no vestibular, e não é que até hoje estou lá na faculdade presa no passado que queria que passasse, mas esse teima em não sair de minha vida.
Meu Jesus, olha aqui a minha coleção de papéis de carta!
Não, não é a do computador não, é aquela das pastas e pastas e as figurinhas, olha?
Figurinhas de álbum Sarah Key, uma espécie de Ane Geddes da época só que de desenhinhos bonitinhos, tipo fofolete, sabe?
E o Amar É... Aqueles bonequinhos peladinhos com frases lindas de amor, que nem auto-colantes eram, que engraçado lembrar disso?
Meninos, e quando começaram a fazer xerox? Foi um advento para mim comparado na época ao computador, sabe... Porque peguei o mimiógrafo e os carbonos de mamãe me sujavam toda a mão e os jornaizinhos da quinta série, eu rodei nele, no mimiógrafo da mamãe e bati na minha olivete portátil, super moderna, que nem elétrica era.
Tinha que rir mesmo, eu nem sabia que iria fazer tudo assim num instrumento que depois de tudo corrigidinho, e olha que nem sempre sai perfeitinho, agente imprime, não é legal?
Pois é...
Delícia não é?
Pois então, com um passado tão doce, o que eu me prepararia no futuro?
Enganaram-me que tudo ia ser lindo, que eu ia dar certo e que tudo ia ser florido e lindo em meus lindos e sorridentes dias.
Esqueceram-se de me mostrar e preparar pra esse mundo cão, que me engole na primeira mordida para as grades de meu quarto que me prende nesse passado que não me faz cair no chão...

















[Crispassinato] (gentileza de ***Marcinha*** do papel de carta de fundo)
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