"Na verdade eu não tenho talento nenhum, sou uma farsa, a diferença é que eu observo um pouco mais do que as outras pessoas, vejo além, eu sei o que as pessoas não querem saber, eu vejo o que elas inssistem em não ver... Mas tá tudo aí, na cara de todo mundo... Eu só vejo, analiso e absorvo e solto em algum texto, alguma frase... Eu copio o que vejo, o que ninguém mais vê... é uma vantagem, não nego, mas eu daria tudo pra ter uma pessoa como eu...que visse, que reconhecesse, aceitasse e, comigo, pudesse conviver com isso tudo... Alguém como eu, para dividir todo o peso de ser... Me sinto tão sozinha"
"Hoje, eu e a Marcela, ficamos treinando com malabares aqui no meu prédio e acabamos indo brincar no playground....balanço, escorregador, gangorra....que saudades de infância... a Marcela é minha terapia, ela é criança comigo e eu com ela...Derrubei ela no escorregador, caí no chão de tanto rir, e ficamos lá rindo e brincando, rezando por alguma felicidade real..."
"Hoje voltando para casa mais cedo da escola por culpa da minha mais nova doença que tive prazer em desenvolver (gastrite), vi uma barata viva no chão... Adotei as baratas pelo meu caminho como sinal de péssimo agouro... Uma vez eu andava por Guararema com um "ficante", e durante todo o nosso caminho vimos sapos e baratas... Pouco tempo depois problemas horríveis começaram a acontecer, coisas ruins no meu caminho... Depois lembro de muitos dias em que caminhei com vc e vi baratas mortas pelo chão, pouco tempo antes de vc terminar comigo... E hoje vi uma viva, de cara pro meu pé, me afastei e fiz um "ai!" e só... Estarei esperando pelas coisas ruins no meu caminho... como sempre... Eu nasci para ser o pário da história.. pq eu sempre fui "boazinha", eu nunca provoquei as coisas horriveis que aconteceram comigo... tudo foi imposto por alguma força maior, por outras pessoas, outras "sortes"... Eu não consigo me dar algum valor recebendo tantos sinais de que eu realmente não mereço nada... Nem vc, que se acha tão má pessoa, eu pude merecer...veja só... Nessas horas que viro a menina do Missal para Rastejantes, dizendo "ô, Deus, não deixa não...", mas eu ja sei que eu sou um toco, que já me comeram, já mijaram em mim (até eu mesma já mijei em mim)... hoje eu já não tenho mais muito o que dizer sobre meu presente, o que é minha vida agora, tampouco o que ela será, sei o que foi...Que eu fiz, Deus? Nem matei formigas!"
"Eu sou trouxa, eu ainda sou fiel a vc, eu ainda não consigo olhar um homem na rua, eu ainda não consigo beijar outro homem, o máximo que eu faço é de vez em quando idelizar algo que na verdade eu não quero...pq eu não quero o cara perfeito, nem o relacionamento perfeito, eu não quero ser feliz pra sempre, mesmo pq isso não existe e seria muito chato... Foram nas minhas e nas suas dificuldades que eu percebia que a gente se amava...felicidade não é pra mim... eu só quero companhia..."
"Eu ainda me sinto como uma pessoa com alguma parte do corpo recém-amputada... Eu não a tenho mais, mas ainda sinto... Eu ainda te amo, eu ainda sou fiel, ainda sou companheira, eu ainda repito teu nome....tenho sonhado muito com vc...e muitas vezes ao dia, eu tenho vontade de te mostrar algo, ou contar algo, ou saber sua opinião, ou simplismente saber que cara vc faria... Sou como uma daquelas mulheres que foram famosas um dia, mas ainda se portam como as tais, sem saber (sabendo) que já foram esquecidas e que ninguém irá as reconhecer na rua....Antigas vedetes..."
"Vc sabe das minhas tendências suicídas... Adoro falar sobre minha morte... Ainda não decidi se vai ser cirrose, ou tuberculose... talvez suicidio mesmo, ou morrer louca num hospício... roubo as chaves da enfermeira da seção, e tomo uma overdose... de remédio injetáveis, claro... vai ser bonito meu braço todo furado...um bom final de livro... um braço sendo maquiado para pousar no caixão... " ela está tão bonita", diriam... E eu riria das pessoas que ali estiverem... Por enquanto reprimo tudo isso em minha esquizofrenia... toda arte é esquizofrênica.... recria e deixa mais bonito o que era tão feio e sem graça... Mais nova, eu desenhava sempre mulheres, corpos perfeitos, rostos serenos, sempre sorrindo e com algum brilho nos olhos, hoje escrevo para exorcizar a mulher feia que sou...feia por dentro e por fora... estragada, desprezada e mal cuidada, com prazer... Por enquanto é essa a minha escolha... Viver pela vida dos outros... não há vida em mim, e não há quem me doe um poudo desta.... Gosto de receber elogios pelo que escrevo... Os elogios nunca são pra mim de verdade, mas gosto..."