Sonho e continuarei a sonhar com a vontade indómita que naturalmente se me implantou na alma, vinda do insondável algures que não sei decifrar ou pelo menos exprimir através de palavras que lhe confiram identidade plausível. O sentimento que enlevo nunca dantes me perpassou o íntimo com tão intensa e vigorosa ansiedade.
O que sonho é lídimo, é excelso, ultrapassa todas as experiências que vivi e não tem paradigma algum para se confrontar ou estabelecer relação. O limite humano que defronto e que respeito até ao extremo de todas as cedências, embora me avassale com obstáculos carregados de contornos impossíveis, mesmo assim não me demove e nem cede aos ventos do desânimo.
Angústia, inquietação, dúvida, dores de paixão insatisfeita, vigílias calculistas e sufocantes, nada, preço algum, vantagem ou desvantagem aparentes me farão soçobrar o querer tal e qual quero. Hoje acredito no juízo lúcido que enfrenta a morte sabendo de antemão que vai perder.
Ingénuo, louco, incapaz racional, venha o vocabulário todo e pleno ameaçar-me o sonho de desdita. Venha o que vier, nada me fará mal. Em vida não há maior inferno do que sentir que já não se acredita.
Vou perder?! Sim... Estou persuadido que vale a pena perder tudo, a vida, mas permanecer nesta esplêndida expectativa até ao fim e ficar com Teu nome nos lábios em derradeira palavra dita.
E nada... Absolutamente nada Te exigirei em troca.