Quem sou eu? Pra não ter pecado... Acredito no que escrevo, como também acredito nos personagens que criei, e creio que são como o são. Não me considero personagem de nenhum conto, artigo e mesmo peça de teatro, procuro apenas exercitar a criação dos mais diversos personagens, sem prender-me a estilo algum, a não ser em meus textos caudalosos, como já disseram-me um dia. Acredito estar engatinhando na prosa e mesmo na vida, pois é claro, não sou tão vivido como ti, e nem carrego nas costas o peso de tudo o que já vivi na vida.
Confesso que gostei de sua prosa, quando esboçou um nada em alto e bom tom, para todo mundo ver, ouvir e sentir toda a poesia alexandrina , e a poeira das pulgas cheirarem no maldoror do dexnamorados. Pois daqui do meio da lama e da bosta, onde nossos jets-skies flutuam desapercebidos, saudamos seus gritos e berros ruborizados e horrorizados com o pandemonium causado pela favela do lado de cá, à favela do foda-se o que vocês acham.
Nós daqui da favela flutuante do lado de cá, não achamos nada, não temos o direito de interferir nos direitos de alguém, e que está na constituição o direito de todos de irem e virem, contanto que não interfiram nos direitos de outrem. Queremos a democracia das palavras escritas, ditas e eternizadas, agraciando os que atiraram as primeiras pedras, pois não possuem pecado algum e a eles pertence o reino do céu. Quem dirá então, quem seria bosta ou não, pois a meu ver, e também a seu ver, os bostas são os que atiram as pedras, pois não possuem pecado algum. Existe então uma contradição, e quanto as blasfêmias, e heresias, não me importam pois não estou aqui a julgar ninguém, pois respondo únicamente por mim, pois a ti parecem que sim, as blasfêmias e heresias importam. Porém, não deixe-se levar pelo ódio de nós, humildes escritores da bosta do lado de cá, pois, consideramos a ti, Ayra On, como um membro honorário e vitalício do nosso ilustre partido, por seus próprios méritos, y que me gusta sus escritos.
Aqui vai porém, um aviso de que ao ler os escritos da favela do lado de cá, vais ter de rastejar humildemente como um dejeto num ensaio tanótico, e comer merda, pois havia uma placa dizendo - não entre. Pois, aqui vais encontrar os mais esdrúxulos, insanos, e escatologicos pensamentos, e que pouco nos importa o mar de lama em que nos encontramos, pois toda noite, ao saírmos da fossa, encaramos a bossa, lavarmos os pés, e deitarmos a ouvir o zumbido dos pernilongos, ou muriçocas, do murmúrio dos ventiladores e do roçar dos velhos cobertores de lã. Atuamos na peça de teatro do nosso inconsciente, e trazemos o sonho antigo e esquecido dos tempos de quando éramos crianças, sem preconceitos e valores morais, onde entendíamos tudo ao nosso modo e declarávamos feriado nacional para toda a eternidade.