A mais ou menos trinta e tantos anos do nosso desenlace colonial, talvez inspirado na maravilhosa heterogenia brasileira, Fernando Pessoa fez brotar de si um verso ímpar: “A minha pátria é a língua portuguesa”, uma insustentável premonição para a época e evidente sinal que o grande poeta considerava já a abrangente elasticidade da epopeia portuguesa.
Comunidade de Países de Língua Portuguesa – COPALIPO, uma nova palavra que traduzisse e enraízasse deveras o sentimento prático de perenidade linguística em cerca de 200 milhões de lusofalantes, uma espécie de termo onde se reconheça universalmente a gesta de Portus-Calle.
Ao redor da mesa, todos: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor, Macau, Goa, Damão, Diu e, sem excepção, todas as comunidades emigrantes espalhadas pelo mundo. Que decisivo e sólido exemplo a gesta portuguesa poderia dar ao mundo. Deveria o nosso Governo mobilizar-nos e desenvolver empenhados esforços até que se obtivesse o exercício pleno e permanente da COPALIPO.
A nossa comunicação social deverá quanto antes contar com mensageiros portugueses entre todas as origens, dando prova evidente de que a grandeza humana do nosso povo está longe de desvanecer-se entre os ventos de outras culturas e influências. Teríamos também e pelo menos um salutar e objectivo desígnio: o de nos irmanarmos globalmente e assim superarmos com menos dificuldade as nossas deficiências económicas e escassez de meios em face dos povos mais desenvolvidos.
Se sobre quem somos não souberem
Ou alguém duvidar alguma vez
Diz-lhes que sem contar os que morrerem
Somos duzentos milhões em português
Diz-lhes que Dom Pedro e Dona Inês
Se amaram para além da dor do parto
Em sangue de amor que depois fez
O rei da liberdade Pedro-Quarto
Das coisas deste mundo já bem farto
Estro, musa, lira, tudo esbanjei
E em sublime vertigem dei-me a rodos;
Se venho aqui agora e de tal trato
Para glória da língua que amo e sei
Diz-lhes que eu e tu somos nós todos!